... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

Meu Diário
17/08/2025 21h42
Não apresse..

O campo silencia…

o vento toca leve nas folhas…

o céu se derrama em cores brandas.

 

Um pássaro risca o ar

antes de encontrar repouso…

as cigarras afinam o último canto.

 

A terra respira lenta…

há calma no intervalo,

há ternura no instante.

 

E a noite que chega

não apressa nada…

apenas acolhe.

 


Publicado por Monet Carmo em 17/08/2025 às 21h42
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
12/08/2025 20h27
“Ainda estamos falando sobre liderança?”

Décadas se passaram desde que os primeiros livros sobre liderança moderna começaram a circular nas estantes das empresas…

A era do comando e controle parecia em declínio.

Vieram os gurus da gestão participativa, da escuta ativa, da empatia como diferencial competitivo.

Vieram os MBAs, os workshops de liderança com propósito, os TED Talks com frases de efeito e a promessa de um novo tipo de líder.

Mas cá estamos…

Ainda falando sobre liderança.

Ou melhor: ainda tentando entender por que, em tantos lugares, a liderança ainda chega como ruído, imposição e desequilíbrio.

Não é sobre ignorar a necessidade de transformação. Nem sobre resistir à chegada de novas pessoas com ideias diferentes.

Toda organização saudável precisa de sangue novo, coragem para mudar, senso de urgência e capacidade de execução.

Mas há uma linha tênue entre a liderança que transforma…

E a que desestrutura.

Há líderes que chegam fazendo, mas não escutam quem estava...Líderes que trazem “os seus” e criam zonas de blindagem e privilégio, não times. Líderes que desprezam a cultura existente, ironizam os processos, menosprezam as pessoas que sustentaram o chão da operação durante anos…

Como se “fazer diferente” significasse, obrigatoriamente, destruir o que existia.

Como se para provar resultado fosse preciso provar também que tudo antes era um fracasso.

Pior ainda, há quem conduza times pela força do medo.

“Se não está satisfeito, peça para sair.”

“Quem quiser trabalhar do meu jeito, fique. O resto, a porta está aberta.”

Esses discursos, ditos ou sugeridos, criam muito mais do que uma cultura de urgência: Criam uma cultura de silêncio, de autoproteção, de falsa produtividade.

As pessoas “produzem”…

Mas com medo... Com receio de falar, de apontar falhas, de propor algo diferente. Com vergonha de ser “do time antigo”, como se isso fosse sinal de mediocridade.

Esse tipo de liderança não constrói equipes... Constrói castelos... Cheios de muros, torres de vigilância, e salas de churrasco só para os convidados do rei.

E quando o assunto é mineração, chão industrial ou qualquer operação de alto risco…Esse estilo de liderança é ainda mais perigoso. Porque aqui, o erro não é só um número ruim no dashboard.

É acidente. É impacto ambiental. É risco de vida.

Por isso, não: a gente não pode normalizar mais esse tipo de postura.

E também não pode romantizar o silêncio dos que “aguentam calados” porque isso só aprofunda a ferida.

Liderança é sobre resultado, sim.

Mas resultado com responsabilidade.

Com coerência.

Com clareza técnica e respeito pela história de quem já estava ali, mesmo que seja para fazer diferente.

Se ainda precisamos falar sobre liderança em 2025…

Que seja para provocar.

Para rever o que estamos aplaudindo.

Para lembrar que não é porque alguém faz acontecer, que isso é, de fato, liderança.

Às vezes, é só ego…

Com orçamento aprovado.

✍️

Escrito por uma profissional que aprendeu a reconhecer um líder… não pela autoridade, mas pela escuta.

E que acredita que confiança, respeito e ética seguem sendo ferramentas de transformação — mesmo quando o sistema insiste em escolher o atalho.

 

#Liderança #CulturaOrganizacional #Gestão #SegurançaPsicológica #Mineração #ComportamentoHumano

 


Publicado por Monet Carmo em 12/08/2025 às 20h27
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02/07/2025 22h26
Quando o crescimento da empresa ignora a base que sustenta tudo

Tem coisa que só aparece quando já está virando problema.

 

O abastecimento de água é uma delas. Enquanto tem, ninguém questiona. Mas basta a primeira caixa não encher, ou a pressão começar a oscilar sem explicação, que a pergunta surge: será que nossa estrutura foi pensada para o tamanho que temos hoje?

 

Muitas unidades industriais nasceram pequenas, pensadas para operar com poucos processos e poucas pessoas. À época, tudo fazia sentido. O projeto hidráulico seguia o padrão de uma casa grande. Cano de 25mm, tubulação rasa, sem previsão de expansão. Nenhum reservatório, nenhum sistema de compensação. E ninguém falava em gestão de rede.

 

Mas a empresa cresceu. O fluxo aumentou. A demanda é outra. E a estrutura… ficou.

 

Hoje, há setores que passam por desabastecimento recorrente. A água não tem força suficiente para subir. Em algumas caixas, ela simplesmente não chega. Há locais onde a pressão some nos horários de pico. E o mais grave: ninguém sabe exatamente onde estão todos os ramais. Os registros se perderam com o tempo, os reparos foram improvisados, e o mapeamento nunca foi atualizado.

 

O problema não é só técnico. Ele é estratégico.

Sem água, a operação para. Sem controle, o risco aumenta. Sem previsão, o colapso é questão de tempo.

 

Mas não adianta culpar o passado. O que precisa é atitude no presente.

Então, o que pode ser feito?

 

Passo a passo para evitar o colapso hidráulico em unidades industriais que cresceram sem planejamento:

 

1. Levantamento da rede existente

Começa com o básico: mapear tudo que já existe. Identificar visualmente, documentar, desenhar a rede. Onde começa, por onde passa, onde termina. Vale envolver equipe técnica e antigos funcionários que participaram de manutenções. Toda informação importa.

 

 

2. Diagnóstico de pressão e vazão

Fazer medições em pontos estratégicos. Comparar os dados com o mínimo necessário para funcionamento adequado de caixas, banheiros, chuveiros, sistemas de climatização e abastecimento humano. Ver onde a pressão cai e quais os horários críticos.

 

 

3. Análise da criticidade operacional

Mapear quais setores são mais afetados e quais não podem, de forma alguma, sofrer desabastecimento. Isso ajuda a definir prioridades na hora de redimensionar a rede.

 

 

4. Elaboração de projeto de ampliação

Contratar ou envolver engenharia para redesenhar o sistema. Incluir reservatórios elevados, pressurizadores, válvulas de retenção e linhas de maior diâmetro (50mm, 75mm, 100mm), conforme a demanda. Esse projeto precisa prever crescimento futuro, e não apenas apagar o incêndio do presente.

 

 

5. Plano de execução em etapas

Nem sempre é possível fazer tudo de uma vez. Então divide por fases. Começa pelo que mais dói. Instala um reservatório temporário. Reforça a linha de abastecimento de áreas críticas. Troca os trechos de tubulação mais finos por bitolas adequadas. E vai avançando.

 

 

6. Gestão e controle permanente

Depois que resolver, não abandona mais. Cria rotina de vistoria. Monitora consumo. Padroniza manutenção. E guarda os registros. Porque a água que ninguém vê... é a mesma que sustenta tudo.

 

 

 

Esse tipo de problema é silencioso. Mas quando estoura, expõe tudo que foi ignorado.

 

Empresa que se enxerga apenas no presente está presa no passado.

Empresa que cresce com responsabilidade sabe que estrutura é mais do que cimento e parede.

É decisão.

 

E tu, já paraste pra pensar como está tua rede de água?

 


Publicado por Monet Carmo em 02/07/2025 às 22h26
 
29/06/2025 15h54
Quando a liderança decide descer, para o GEMBA

Tem coisa que a gente só entende quando vê com os próprios olhos. E mais ainda: quando sente com os próprios pés.

Fazer um GEMBA não é bater ponto no campo pra dizer que participou. É escolher descer. Escolher escutar. Escolher olhar pra realidade como ela é — e não como os relatórios tentam emoldurar.

Descer uma mina subterrânea pra acompanhar uma rotina operacional, que pra muita gente parece “só mais um serviço de apoio”, mostra uma verdade incômoda: tem gente que cuida da estrutura de conforto dos outros, sem ter nem estrutura mínima pra fazer o seu trabalho com segurança.

A operação envolvia um colaborador sozinho, num veículo leve, responsável por higienizar e abastecer as câmaras de hidratação. Ele dirige, opera rádio, interpreta mensagens em tempo real, desce rampas de tráfego misto com jumbos, robôs, caminhões… tudo junto. E nem sempre o que se fala no rádio é o que ele encontra na frente. A via é uma só. O risco é coletivo, mas a responsabilidade cai em cima de quem tá no trecho.

Durante a descida, a gente viu VL circulando com farol alto, outros com farol traseiro aéreo que cega o condutor de trás. Tinha cano mal sinalizado, degrau estreito, batente de concreto sem pintura. Tinha câmera de recuperação com lixo acumulado, bomba d’água exposta atrás da parede, condensadora coberta de poeira grossa. Tinha escada que exige que o pé fique de lado pra descer. Tinha área de evacuação obstruída por caixa, pallet e resto de obra. E mesmo assim... o serviço acontece.

A pergunta que fica é: até quando a gente vai chamar isso de normal?

Não precisa criar um grande projeto pra resolver tudo de uma vez. Mas precisa, sim, criar coragem pra reconhecer que há riscos invisíveis que só aparecem quando alguém decide descer com o olhar certo.

O GEMBA não é uma inspeção. É um gesto.

É dizer com o corpo que quem está no campo importa. É parar de mandar os outros melhorarem o que a gente nunca teve coragem de ver de perto. É entender que o conforto, a saúde e a segurança de quem opera não são detalhes. São parte da produtividade. São parte da dignidade.

Não tem fórmula, não tem glamour. Tem o que precisa ser feito.

Descer é isso: se comprometer com a verdade.


Publicado por Monet Carmo em 29/06/2025 às 15h54
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29/06/2025 10h09
🔦 1º GEMBA Walk de Facilities – Filosofia Lean na Veia

🔦 1º GEMBA Walk de Facilities – Filosofia Lean na Veia

 

Ontem eu desci a mina com minha equipe de Facilities da superfície. E não foi só um GEMBA. Foi um reencontro com o propósito.

 

Fomos ver de perto o trabalho de quem cuida das câmaras de hidratação. Gente que entra todo dia naquele calor, naquela rocha, com coragem e compromisso… E ali, no meio da terra, a gente viu mais do que processos; viu gente de verdade, trabalhando com dignidade.

 

E eu vi o brilho nos olhos da minha equipe.

 

Elas olharam com respeito pra quem faz o trabalho lá embaixo e entenderam, no corpo, que nosso papel na superfície é gigante. A gente cuida do lugar pra onde essas pessoas voltam depois de horas de esforço.

 

Não é só um banheiro limpo.

Não é só uma sala organizada.

É acolhimento. É cuidado. É descanso. É respeito.

 

Facilities não é suporte.

É a base invisível que garante que tudo continue de pé.

 

A gente precisa entregar o melhor ambiente possível pra quem tá colocando o corpo na operação. Porque quem trabalha na mina não volta pra superfície pra passear… volta pra respirar. E isso tem que ter valor.

 

Esse é o tipo de Facilities que acredito.

Que sente. Que enxerga. Que se importa.

 

Porque no fim, não é sobre limpeza…

É sobre gente.

 

#FacilitiesComPropósito #GembaWalk #MinaSubterrânea #RespeitoÀRotina #OrgulhoDeSerFacilities #FilosofiaLean #CuidadoÉGestão #lean #Facilities #liderança #gestãodeprocessos #melhoriacontinua


Publicado por Monet Carmo em 29/06/2025 às 10h09
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