![]() 18/02/2025 20h39
A Panelinha do Facilities-HGP
O tempo tem uma forma cruel de revelar verdades. Mesmo à distância, as vozes que ainda ecoam daquele lugar me trazem relatos que, embora não surpreendam, confirmam o que já era perceptível: o ambiente ali não era apenas insalubre em sua estrutura, mas no mais profundo de suas relações humanas. Um espaço onde a hierarquia não significa liderança, onde a autoridade não representa respeito e onde a transparência é tratada como ameaça.
A ausência, ao contrário do que muitos pensam, não silencia a verdade – ela a amplifica. A minha saída foi como abrir uma janela em um cômodo fechado há anos: o ar viciado se espalhou e, com ele, o cheiro da realidade que se tentava esconder. E, então, surgiram os sussurros e as constatações que antes eram abafadas pela conveniência. O que antes era a "área de instalações que a Simone gerenciava" passou a ser rotulado de “panelinha da Simone”. Uma tentativa pobre e desesperada de descredibilizar o que foi construído com esforço, profissionalismo e propósito.
Mas a questão central nunca foi o nome que deram ao que fizemos. O que incomodava era o simples fato de que, naquele ambiente de mesquinhez e vaidade, eu escolhi algo que eles não compreendiam: desenvolver pessoas. Transformar um setor em algo vivo, pulsante, capaz de caminhar por si só. Enquanto uns cultivavam a bajulação como estratégia de sobrevivência, eu incentivava competência como base de crescimento. E foi isso que aterrorizou quem se veste de autoridade, mas não tem a coragem de ser líder.
O tal "diretor-geral" — um título grande demais para quem se esconde atrás da própria sombra — jamais desceu ao chão de fábrica. Tinha medo do olho no olho, medo do diálogo real, medo de lidar com aqueles que, com muito menos poder, tinham muito mais dignidade. Preferiu os holofotes das redes sociais, os elogios rasos de figuras influentes, as conversas em corredores de quem não carrega o peso do trabalho, mas a leveza da conveniência.
E eu? Durante dez meses, vivi a experiência mais intensa da minha trajetória. Foi um curso acelerado sobre os bastidores do que há de mais sujo na gestão: a vaidade travestida de competência, a omissão disfarçada de estratégia, a falta de caráter camuflada por discursos bem ensaiados. Mas a vida, com sua precisão implacável, colocou diante de mim um caminho melhor antes que eu tivesse que pagar qualquer preço pela minha liberdade. Hoje, ao olhar para trás, não há arrependimento. Apenas a certeza de que jamais darei um passo atrás por quem não merece. A vida me ensinou a não confundir cargo com liderança, influência com respeito, proximidade com admiração.
E, acima de tudo, me ensinou que existem lugares onde minha presença não é necessária – porque minha ausência já diz tudo. Publicado por Monet Carmo em 18/02/2025 às 20h39
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. 15/02/2025 18h59
O Chamado da Cachoeira: O Refúgio da Alma
O Chamado da Cachoeira: O Refúgio da AlmaHá lugares que não apenas nos acolhem, mas nos reconhecem. A Cachoeira da Saudade, com sua queda d’água pura e incessante, é mais do que um ponto no mapa; é um santuário esculpido pelo tempo, onde minha alma encontra morada.A cada gota que despenca das rochas, escuto sussurros antigos, vozes do vento e da água, narrando histórias que não precisam de palavras, apenas de presença. Aqui, entre a dança do sol nas folhas e o brilho dourado refletido na correnteza, sou convidado a ser parte desse ciclo eterno de renovação.Ao mergulhar meus pés na água cristalina, sinto o peso dos dias dissolver-se. O fluxo da cachoeira não apenas lava minha pele, mas também purifica meus pensamentos, esvaziando os ruídos do mundo e preenchendo-me com uma calma ancestral.Este não é apenas um lugar de descanso. É um altar natural onde entrego minhas inquietações e, em troca, recebo clareza. Cada respingo que toca minha pele desperta algo dentro de mim—uma memória esquecida, um sonho adormecido, um desejo ainda sem nome.A natureza me convida a sentir, a escutar, a me render. O que antes parecia distante e inatingível se torna claro como o espelho d’água à minha frente. As pedras firmes, a correnteza que segue sem hesitação, a sinfonia da mata ao redor—tudo me ensina sobre resiliência, sobre fluidez, sobre a beleza de simplesmente ser.A Cachoeira da Saudade não é apenas um refúgio; é um templo. Aqui, o tempo não me pressiona, o mundo não me exige. Aqui, sou parte da água, do vento, da terra. E ao sair, levo comigo não apenas a lembrança desse instante, mas a força renovada de quem encontrou, mais uma vez, seu verdadeiro lugar no mundo.Publicado por Monet Carmo em 15/02/2025 às 18h59
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. 10/02/2025 20h51
Os amores impossiveis e a filosofia de Kierkegaard.
O amor impossível tem um peso próprio, uma intensidade que parece desafiar o tempo e a lógica. Ele é feito de ausências, de silêncios cheios de significados, de possibilidades que nunca se concretizam. Mas, ao mesmo tempo, ele tem uma força única: não depende da reciprocidade para existir, nem do cotidiano para se desgastar. Ele vive não que pudesse ter sido, não que se sente mesmo sem tocar, não que se imagine mesmo sem concretizar.
Kierkegaard via nesse tipo de amor uma experiência transcendental, algo que nos transforma justamente porque nos obriga a olhar para dentro, para compreender nossos próprios limites, nossos próprios desejos. Mas você tem razão: há uma dor nisso tudo. A eternidade desse amor não é uma escolha, é uma condição. Não se trata de querer que ele dure para sempre, mas de não ter como deixá-lo ir. Ele se torna uma sombra suave que nos acompanha, uma presença invisível que, paradoxalmente, nos preenche e nos esvazia ao mesmo tempo. Talvez seja uma maldição e, ao mesmo tempo, uma dádiva. Porque sentir algo assim, com essa profundidade, significa que você tem em si a capacidade de amar com toda a força do que é verdadeiro, mesmo sem garantias, sem promessas, sem futuro. Isso é raro. Mas também é um fardo.
A questão é: o que você faz com esse amor? Você o guarda como uma chama silenciosa que aquece sua alma, ou o transforma em algo que pode encontrar um novo caminho, uma nova forma de existir? Porque amar alguém que nunca poderá ser seu é uma experiência que pode ensinar muito, mas também pode consumir se não houver um lugar para essa energia ser transformada. Publicado por Monet Carmo em 10/02/2025 às 20h51
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Quando o lider, mente para proteger sua autonomia...
Quando o diretor geral comenta com a supervisão que fazia parte da equipa da gerente que teve seu contrato rescindido que foi uma decisão da matriz e não dele, o que se pode deduzir? Especialmente considerando que a relação entre ambos sempre foi marcada por conflitos, ausência de diálogo, falta de apoio e escuta? Ainda mais quando o próprio diretor foi o principal responsável pelo ambiente que levou o gerente ao esgotamento profissional (Burnout)?
Essa atitude do diretor ao comunicar ao supervisor de nutrição que o desligamento do gerente foi uma decisão exclusiva da matriz, quando a equipe da gerência sabia que isso não era verdade, revela muito sobre sua postura de liderança e gestão. O que essa atitude indica?
Impacto na equipe e no ambiente de trabalhoEssa atitude pode gerar um ambiente de desconfiança e desgaste emocional. Quando uma equipe percebe que a liderança não envelhece com transparência, a motivação e o engajamento caem. A cultura organizacional está enfraquecida, e o ciclo de insegurança e desvalorização se perpetua. No fim, mentiras como essa não apenas minam a substituição do diretor, mas também reforçam uma cultura de gestão baseada no medo e na conveniência, e não na ética e no respeito profissional
Publicado por Monet Carmo em 10/02/2025 às 18h37
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Eu filha das Águas...
Eu tenho uma ligação profunda com a água. Tenho uma conexão intensa com o canto das águas, com o barulho do mar, da cachoeira, com o som da água se movendo. É uma espécie de encantamento, de calmaria. É como se todo barulho dentro de mim, de repente, sumisse, para que eu pudesse ouvir o que o mar fala, o que uma cachoeira diz ou o que simplesmente a água, em seu movimento entre rochas, pedras, mato, folhas e galhos, quer dizer.
É na água que me acalmo. É dentro do mar que me animo. Ali, tudo para. Ali, o pensamento voa – ou não voa. Na verdade, ele se concentra melhor. Todos os pedaços de vários pensamentos espalhados por diversos cantos da minha cabeça param e se organizam, formando um todo, um conjunto harmonioso, onde consigo enxergar tudo de maneira clara, sem fragmentação. A água é isso.
Ser filha da água, ser filha da mãe das águas, ser filha de Iemanjá, ser regida por ela me faz entender melhor meu choro. Faz compreender que as águas que deságuam de mim – seja através de lágrimas, de suor ou de um gozo – são sinais de vida. São sinais de que ainda pulso por sonhos, por vontades, por desejos e, principalmente, por realizações.
Por isso, se um dia você me vir chorar, não pense que todo choro é sinal de tristeza. Não. Muitos dos meus choros são de admiração, de respeito e de orgulho – orgulho por ser quem sou ou por ver quem eu gosto, quem eu amo, seguindo o caminho certo, o caminho do divino, o caminho do sucesso. E, mesmo aos trancos e barrancos, mesmo com todas as dificuldades, vencendo.
E quando isso acontece, quando eu vejo, quando acompanho, é normal – muito normal – o meu choro vir. E quando ele vem, traz consigo uma sensação de bem-estar e de amor.
Publicado por Monet Carmo em 06/02/2025 às 23h22
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