Para todas as que vieram antes de nós…

As anciãs que guardam no corpo e na memória a história do mundo…

Nossas mães pretas, as bruxas antigas, as rezadeiras, as parteiras, as mulheres de olhos fundos e seios murchos, de quadris largos como terra fértil… as que dançam, as que cantam, as que carregam silêncio e sabedoria.

Para as abuelitas de ossos finos e espírito firme… para as velhas meninas que aprenderam a falar com o vento, a ouvir o tempo, a ler o movimento das marés e das luas. Para aquelas que cozinham e bordam, que escrevem e plantam, que semeiam pão e palavra, cura e rebeldia.

Para as que já cruzaram oceanos de calmarias e tempestades, que quase naufragaram e ainda assim encontraram terra firme… para as que, mesmo cansadas, caminham altivas, firmes no chão e leves no espírito.

Para as tribos das grandes idosas, cobertas de penas, peles, folhas e couros, vestidas com saias de guerra, xales e colares de poder… que carregam cetros invisíveis e marcas sagradas… para as que dançam devagar e olham fundo, com um brilho que só quem viveu sabe sustentar.

Para todas as suas excentricidades, para a beleza que não se explica, para a generosidade que preserva o que é sagrado… para o cuidado supremo que mantém viva a decência, a arte e o amor pela alma.

Que a força e a cura penetrem fundo nos ossos da coragem dessas mulheres… para que nunca se apague da terra o fogo que elas acendem…

Por elas… sempre.