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"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Ferrovia do Arco Norte terá 933 km, 65 pontes e evitará área indígena

 

A história do Porto de Miritituba é, pra mim, uma das maiores provas de como o Brasil negligencia sua inteligência logística.

 

Quem acompanha há anos esse projeto sabe: Miritituba não é só um ponto no mapa... é a saída natural da produção do Centro-Oeste para o mundo, encurtando distâncias, aliviando estradas e reduzindo emissões. Só que, mesmo com todo esse potencial estratégico, o porto nunca foi tratado como política de Estado! E sim, orbitando entre interesses privados, lacunas regulatórias e promessas desconectadas da realidade das comunidades locais.

 

A Ferrogrão, com seus 933 km de trilhos projetados entre Sinop e Miritituba, surge mais uma vez como símbolo de avanço. Mas até quando vamos repetir o ciclo de projetos gigantes sem lastro em articulação pública real? A ausência do Estado, como ente integrador, planejador e responsável pelo desenvolvimento territorial é o que mais fragiliza a viabilidade do corredor Norte.

 

Miritituba precisa ser mais do que uma zona de transbordo para soja. Precisa ser território com acesso digno, presença institucional, capacitação profissional local, compensações ambientais bem definidas e voz ativa das comunidades ribeirinhas. E a Ferrogrão só vai cumprir sua missão se vier acompanhada de:

um plano logístico nacional estruturado, uma governança federativa ativa,

e um compromisso público contínuo, que vá além da liberação de licenças.

 

Não dá mais pra tratarmos logística como se fosse um assunto meramente técnico ou restrito ao agronegócio. Trata-se de soberania territorial com respeito ao protagonismo da Amazônia para o fortalecimento da economia de base do Norte do país.

 

Miritituba continua de pé. Mas o tempo está passando... 

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 08/08/2025
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