![]() A maneira de Florbela Espanca
A vida é um sopro… mas desses que vêm embrulhados com certo cuidado. Feito pão quente de padaria, enrolado naquele papel grosso, queimado pelo sol e pelo tempo. Ele não impede que o calor escape por completo… mas conserva o suficiente pra chegar até em casa ainda cheirando a aconchego.
É assim que a gente caminha… apostando.
Aposta-se em dias que parecem certos, em afetos que parecem firmes, em caminhos que a gente jura conhecer. Aposta-se em pessoas, em planos bem alinhados… e então, sem aviso, tudo muda. A gente muda. O mundo à volta muda. E quem estava ao nosso lado, às vezes, vira lembrança. Às vezes, ausência.
Nos primeiros instantes, a gente não entende nada.Fica zonza. Desnorteada. Murmura umas dores baixinho, outras em voz alta.
Tem raiva. Tem susto.
O coração parece meio torto, meio exposto demais. E tudo aquilo que era bonito, vira difícil de segurar.
Mas mesmo assim… tem um calor que fica. Um restinho de força que não se apagou. Como o pão ainda morno no embrulho, a gente também continua quente… de vida.
O que nos envolve nem sempre é firme. Às vezes rasga.
Mas enquanto estiver ali, servindo de abrigo, já é o bastante pra aquecer o que importa.
Não precisa durar pra sempre basta durar até o próximo passo.
E aí, a gente chega na esquina. Senta. Respira devagar. Pede um café pingado.
E brinda não ao final feliz… mas à capacidade terna e valente de começar de novo. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 05/08/2025
Alterado em 05/08/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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