A maneira de Álvares de Azevedo. 

Boa noite, querido... e que seja bendita

A febre que arde em teus lábios de homem,

Pois teu beijo, à tardinha, é visita

Que em silêncio me toma e me consome.

Teu beijo me chega com brisa tão lenta,

Mais doce que um canto que embala a paixão,

E em cada sussurro que a noite apresenta

Teu nome ressoa no meu coração.

Boa noite, e que o sono te abrace sereno,

Com sonhos que façam teus olhos brilhar,

Mas, se acordares no escuro pequeno,

Que sintas meus beijos a te procurar.

Teu corpo, ausente mas tua alma pousada

No canto macio do meu travesseiro...

E teus beijos... teus beijos, alvorada

Que acende meu peito tão verdadeiro.

Boa noite, rapaz de ternura calada,

Beijar-te é morrer e viver num instante.

Se eu não dormir, é que a boca marcada

Traz tua ausência em gosto constante.

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