Humanos à beira de si mesmos

Hoje em dia...

demonstrar interesse virou vexame.

Mostrar cuidado é quase implorar migalha. Se tu pergunta onde tá, se sente falta, se pede presença... Affe! Vira motivos para: drama, carência... vira tudo o que os outros não têm coragem de ser.

Hoje em dia ninguém quer gente que sente..Querem presença com hora marcada. Carinho com limite... Conversas sem profundidade, e amor só até o sinal tocar.

Tô vendo amigo compartilhar amigo,

gente circulando como roupa emprestada… Perfil fake só pra se aproximar de alguém que já nem devia estar por perto. E tudo isso com um sorrisinho no rosto, como se fosse normal. Como se fosse bonito.

Assusta.

Gente criada por gente...

gente criada ouvindo música de amor,

lendo poesia, rezando pra algum Deus,

e mesmo assim…

vazia.

Fechada.

Desinteressada.

Desaprendida a tocar, a olhar, a sentir.

São almas medianas… Cheias de gente por perto e ainda assim tão sozinhas.

Gente que não se cheira mais.

Que não se aguenta.

Que não se suporta nem no espelho.

Imagina no outro.

Eu tô cansada.

Cansada de ver essa pose toda.

Gente fingindo estrutura, mas sendo só caos ambulante... Alma bonita por fora, mas que não floresce por dentro... Que não brota. Que não cria... Que não se entrega a nada, nem a si.

Enquanto isso… eu.

Me lambuzando.

Me jogando.

Me deixando sentir até doer.

Cheirando o humano com fome.

Bebendo o gosto da verdade.

Sem julgamento.

Só presença.

Porque o mundo pode ter desaprendido

a amar... Mas eu não! E nem vou!