Carta aberta pra quem segue lutando… mesmo em silêncio

Tem dias em que eu falo demais. Me conecto, respondo, mando áudio, conto histórias, dou risada alta como quem ainda acredita. Como quem ainda sente que está viva no meio de tudo.

Mas tem outros em que eu simplesmente não consigo abrir a boca.

Não porque não tenha o que dizer… mas porque não dá. Porque meu corpo pesa, minha cabeça não para, e meu coração tá tão cheio que qualquer palavra vira desabafo… ou desmorona. E aí eu fico muda.

Por fora, sigo funcionando.

Por dentro… tem guerra.

Uma guerra que ninguém vê.

Tem dias que eu não quero ninguém. E justo nesses, todo mundo me chama.

Tem dias que tudo que eu queria era um alguém. Só um. Mas ninguém vem.

E a vida tem dessas ironias… quando tu precisa de espaço, ela te invade. Quando tu precisa de presença, ela some. E tu aprende a se virar com o que tem.

Porque não dá pra exigir muito quando se vive no modo sobrevivência.

A real é que a gente revezando…

Uma hora tu é o colo.

Outra, tu é quem desaba.

Às vezes tu é quem levanta os outros.

Às vezes tu é quem levanta sozinha.

E tá tudo certo. Ninguém é forte o tempo todo. Só que nem todo mundo vai entender. Nem todo mundo vai saber te escutar.

Então se tu tá aí… em silêncio, mas lutando. Se tu segue aparecendo pro mundo mesmo sem saber como… eu te vejo.

Não precisa gritar pra estar doendo.

Não precisa cair pra estar cansada.

Pode respirar. Pode pausar. Pode não dar conta.

Pode ficar na tua… e ainda assim ser grande.

A vida não para. As cobranças continuam. E muita gente vai seguir passando batido por ti. Mas tu não precisa se atropelar pra caber nos outros.

Te recolhe. Te entende.

Fica em paz com tua solitude.

Silêncio também é força.

Retiro também é gesto de amor.

E quando tu tiver pronta pra lutar de novo... com o peito, com o corpo, com a alma, tu volta. Não pra agradar ninguém… mas porque tu quis. Porque tu escolheu.

E se ninguém tiver por ti…

Tu vai ser tua.

E isso… já é muito.

Com tudo que pulsa!