Para quem anda remendando silêncios…

Tem dias em que até respirar cansa.

Não porque falta ar, mas porque sobra tudo o resto. Gente demais, cobrança demais, expectativa demais. E, por dentro, aquele buraco mudo… que ninguém vê.

Tu vais levando como quem carrega um vidro trincado: com cuidado, sem alarde.

Segura o choro no banheiro, responde "tá tudo bem" no automático, sorri com aquele canto da boca que aprendeu a parecer forte.

Mas a verdade é que não tá.

E tá tudo bem não estar.

Ninguém te ensinou a dizer "não aguento", né?

Só te ensinaram a segurar a onda… a ser forte… a não decepcionar.

Só que agora tu estais cansado.

E, sim, isso também é humanidade.

Essa crônica é pra quem acorda mesmo sem vontade, que vai mesmo sem ter forças, que tenta mesmo sem ter certeza.

Tu que luta por dentro, que não desiste, mesmo sem aplauso, mesmo sem plateia.

Eu não sei o tamanho da tua dor.

Mas sei que ela existe.

E que merece respeito.

Talvez ninguém te abrace como tu merece.

Talvez ninguém perceba o quanto tu estais segurando pra não desmoronar.

Mas segue. E isso, por si só, já é bonito. Já é gigante.

Eu só queria te lembrar de uma coisa:

tu não precisas dar conta de tudo hoje.

Nem ser exemplo, nem resposta, nem cura.

Tu só precisa ser.

Mesmo que seja só silêncio.

Mesmo que seja só cansaço.

Porque viver já é muita coisa.

E um dia, quando menos esperar, esse peso vai virar aprendizado.

Essa lágrima vai virar semente.

E essa dor, por incrível que pareça, vai deixar de doer tanto assim.

Até lá… respira.

Um passo por vez.

Tu tá indo bem, mesmo que ninguém diga.

Tu ainda vai viver dias que não doem.

E tu merece cada um deles.