... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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O que fica, fica livre...

Não dá pra amar com corrente.

Nem admirar alguém esperando que o outro se curve diante da nossa expectativa.

A beleza do amor, o verdadeiro, é que ele não exige reciprocidade moldada.

Ele não cobra contrato, não carimba pertencimento, não aprisiona presença.

 

Às vezes, a gente se encanta por alguém...

por um gesto, por uma escuta, por uma delicadeza rara de ser. E tudo bem!?

Esse encantamento não precisa virar eternidade, nem dívida afetiva.

Pode só ser bonito. Pode só existir.

 

Mas o que machuca, na verdade, não é a liberdade. É o ego! É essa ilusão de que, se eu amo, o outro me deve algo...

Se eu admiro, o outro tem que retribuir.

Se eu estendo a mão, o outro não pode soltá-la.

 

E aí... a gente confunde presença com posse... Confunde cuidado com exigência...  Confunde entrega com controle.

 

Mas o amor...

o amor de verdade...

é o que fica mesmo quando o outro vai.

É o que não se deforma na ausência.

É o que não grita "volta!" mas sussurra "cuida de ti".

 

A liberdade assusta, porque ela não tem grades pra se apoiar... 

Ela exige confiança!

Exige autoconhecimento! 

Exige saber perder sem se sentir perdido!!

 

E é por isso que amar com liberdade é tão raro...  Porque é um amor que não se faz de espera... Ele é um amor que se faz de respeito.

 

E o que é essencial, fica, sabe? Fica mesmo que mude de forma... Mesmo que não caiba mais nas rotinas... Mesmo que não esteja mais todo dia ao lado. E ainda assim, fica! 

 

Fica porque é verdadeiro.

Fica porque é leve.

Fica porque não precisou ser prisão.

 

Aprender a amar com liberdade...

é talvez a lição mais difícil e mais bonita de se viver.

 

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 02/07/2025
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