... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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O dia em que desenharam o silêncio

Hoje eu vi um fluxograma.

Não era de processo, nem de produção...

Era um fluxo pra ensinar alguém a comentar nas redes sociais.

Isso mesmo. Alguém parou, desenhou, revisou… e publicou.

Um mapa de quando a gente pode ou não falar.

Um passo a passo do que calar.

 

E aí eu pensei:

Será que a gente chegou num ponto tão raso da conversa, que precisa de diagrama pra ensinar que “não se deve ofender alguém”?

Ou será que o problema é mais profundo?

 

Porque me parece que tem mais gente tentando calar do que aprender a escutar.

E o comentário, seja ele útil ou não, é um direito.

É a expressão da presença.

É o pensamento que transborda.

É o que faz da rede… social.

 

Sim, tem coisa que não se deve dizer.

Mas isso se resolve com consciência, não com fluxo.

Fofoca? Não precisa de tutorial pra acontecer.

O que precisa mesmo, e tá em falta, é respeito.

 

Respeito por quem pensa diferente.

Respeito por quem se posiciona.

Respeito até por quem fala torto, mas fala com verdade.

 

O silêncio não é sempre bonito.

Às vezes é omissão.

Às vezes é medo.

Às vezes é só cansaço de falar e não ser ouvido.

 

E o mais curioso de tudo...

É que, no fim, quem fez o fluxograma, também quis falar.

Também quis ser ouvido.

Também usou a palavra pra se expressar.

 

Vai ver, o problema nem é comentar.

É lidar com o que o outro sente quando escuta.

 

E isso, meu amigo…

Não tem fluxo que resolva.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 02/07/2025
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