Ela não é fácil!

Diziam isso com um certo tom...

Um pouco de crítica, um pouco de espanto.

Mas é que eles não sabiam o que estavam olhando.

Achavam que superdotação era uma equação resolvida no quadro, um vocabulário de mestrado, um comportamento exemplar.

Ela não.

Ela era outra história.

A inteligência dela não entrava pela porta da frente com crachá pendurado.

Ela vinha no incômodo.

Na inquietação com o óbvio.

Na cara fechada diante de uma regra burra.

No silêncio que gritava “isso aqui não faz sentido”.

Ela via o mundo pelo avesso.

Enquanto a maioria se contentava em seguir o fluxo, ela perguntava de onde vinha o rio.

Não aceitava estrutura que oprimia, nem processo que apagava gente.

E isso... isso tem um preço.

Pensa demais.

Sente demais.

Carrega o mundo na cabeça e o coração no pulso.

Tinha noite que ela não dormia.

Revivia falas. Reescrevia respostas que nunca deu.

Se cobrava por ter falado demais...

Ou de menos.

Mas não se enganem:

Ela não era só caos.

Era também estratégia.

Era também coragem.

Foi parar no meio de minas subterrâneas.

Liderou em silêncio.

Levou conforto pra quem ninguém via.

Empurrou projeto pra frente com as próprias mãos.

E tudo isso sem se dobrar pra caber.

Porque ela não cabe.

Ela não faz o tipo “fácil”.

Não é aquela que diz “amém” só pra não bater de frente.

E é por isso que ela brilha.

Não pelo que sabem dela...

Mas pelo que ela é, mesmo quando ninguém está olhando.

Se tu me pergunta se ela é superdotada...

Eu te respondo sem pestanejar:

Ela é mais.

Ela é potência viva...

Ainda que cansada.

Ainda que fora do padrão.

Ela é daquelas que não foram feitas pra serem moldadas...

Foram feitas pra incomodar, e florescer.