![]() Juliana escorregou. Não foi só o corpo... foi a alma… Foi o barulho do chão sendo arrancado debaixo dos pés foi o tempo se abrindo em câmera lenta enquanto ela caía.
E ali… sem celular sem internet sem ninguém ao lado ela teve tempo. Tempo demais pra entender que ser humana dói. E que o real não perdoa.
A queda não foi só física. Foi uma queda de pensamento. Ela teve minutos, talvez horas, talvez uma eternidade pra sentir o frio do rochedo, a dor na carne o pânico entrando devagar pelas costelas a saudade dos que ela amava a dúvida do que daria pra aguentar.
Juliana não era aventureira. Era alguém tentando viver. Fugir. Talvez se provar pra ela mesma. Como a gente faz. Subir um vulcão parece bonito nas fotos.
Mas quando se cai... não tem filtro, não tem legenda... Tem a pedra. Tem a sede. Tem a solidão brutal do mundo que não responde.
Talvez ela tenha pensado que era só mais um passeio. Mas não era... A natureza não avisa! Ela só leva.
E o mundo? Seguiu. Rindo de meme... Discutindo bobagem. Postando stories... Enquanto uma mulher gritava, ou talvez já nem gritasse mais presa entre céu e abismo esperando um socorro que não sabia se viria.
Juliana virou notícia. Virou lição. Mas será que alguém escutou?
Tu achas mesmo que subir sem preparo é coragem? Tu achas mesmo que teu corpo aguenta tudo só porque tu queres muito? A vontade não é colete salva-vidas. E Juliana entendeu isso… com o rosto encostado na pedra, com o som do vento e das entranhas do vulcão lembrando o tempo todo:
tu é só um corpo... E o corpo cansa.... E o corpo quebra. Ela morreu como vivem muitos por aqui: em silêncio! Ignorados... Na beira do precipício da própria escolha.
E isso… isso não tem desculpa. Tem memória! E tem dor.!
Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 24/06/2025
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