O analfabeto geopolítico...

O brasileiro médio está em guerra. Não contra o aumento do gás, a destruição do meio ambiente ou a corrupção que suga cada centavo da sua dignidade. Ele está em guerra contra o pensamento...

Porque pensar cansa!Exige tempo, exige humildade, exige reconhecer que o mundo não gira em torno do seu bairro, do seu grupo de WhatsApp ou da sua timeline enviesada... Exige desconfiar do meme, do “kkkkk” debochado, e, acima de tudo, exige escutar antes de cuspir opinião.

Vivemos num país onde o preço do arroz vira piada e o risco de uma guerra global é rebatido com emojis! O sujeito que mal entende a própria conta de luz quer explicar a economia do Irã!? Ou que nunca leu uma página sobre política externa, ri do risco de colapso energético como se o riso fosse escudo contra a realidade?!

Mas não é... A ignorância não nos blinda...Ela nos deixa nus, entregues, manipuláveis...  Ela elege absurdos... defende abusos... ofende quem pensa, porque pensar, nesse Brasil doente, virou ofensa.

Basta uma mulher falar com firmeza e análise que vira “ cala boca Magda”... Basta alguém citar um dado geopolítico que é chamado de “alimentador de capim”...Basta levantar um alerta que vira chacota, não reflexão.

O problema não é o humor... É a covardia travestida de riso! É o “kkkk” que tenta abafar o incômodo de perceber que não se sabe nada e, pior, não se quer saber.

A gente vive hoje sob o império da ignorância que se acha sábia... Do deboche que acha que venceu a razão.

Do ódio gratuito que se disfarça de argumento.

Mas há quem resista... Quem leia, questione, estude... Quem não aceite que o destino de um país seja decidido por quem nunca passou do título da notícia.

Quem responda com coragem e inteligência, mesmo diante do riso tosco dos que preferem a lama ao debate.

Porque, no fim das contas, a história não é feita pelos engraçadinhos dos comentários, mas por quem teve coragem de enxergar além da bolha e escrever, mesmo sabendo que seria ridicularizado por quem nunca teve coragem de pensar e se pensa, primeiro rumina um bocado para então por para fora!