... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

Textos


Nunca me deram paz... Só suspense.

Tem gente que escreve sobre homens que oferecem segurança, cuidado, colo e eu fico lendo como quem observa uma cidade onde nunca morei.

 

Dizem que tem homem que provê, que chega com peito aberto e mãos cheias, que não espera ser lembrado pra lembrar da gente. Homem que cuida do silêncio da casa, que enxerga o cansaço nos teus olhos e te poupa sem te pedir desculpa por existir.

 

Mas eu nunca conheci esse tipo de homem.

 

Os que cruzaram meu caminho vinham com pressa, promessas e um cansaço que sempre parecia maior que o meu.

Chegavam como se fossem me ensinar o que era amor, mas mal sabiam o nome dos meus medos. E toda vez que eu precisei, precisei pedir. E toda vez que pedi, parecia demais.

 

Nunca me deram paz.

Me deram suspense.

Incerteza.

Recompensa por boa conduta.

Silêncio como punição.

Presença calculada.

Carinho cronometrado.

 

Talvez exista esse homem que aparece com o casaco quando o vento muda, que paga o café e pergunta como foi teu dia com real interesse. Mas pra mim, ele mora no conto das outras. Nas entrelinhas de um texto que li aqui. No relato de uma amiga que deu sorte.

 

E mesmo assim, não deixo de desejar.

Não deixo de imaginar o dia em que alguém vai me oferecer um afeto que não precise ser decifrado.

 

Até lá, sigo sendo a minha própria estabilidade. E aprendendo que talvez o mais generoso dos amores…

Seja aquele que eu mesma tô tentando construir dentro de mim.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 21/06/2025
Alterado em 22/06/2025
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