O Brasil é um chão sagrado de minério.

O mapa não mente. Tem ouro, cobre, níquel, ferro, manganês, grafita, caulim, alumínio, nióbio... A cada ponto marcado, há uma cidade pulsando, um comércio tentando crescer, uma geração de jovens querendo chance.

Mas também tem muita coisa mal contada.

Ativos mudam de mãos o tempo todo. Sai uma mineradora, entra outra. Cada uma prometendo o futuro que a outra deixou pela metade.

E no meio disso tudo, fica a comunidade tentando entender quem manda, quem responde e quem cuida.

É bonito ver uma cidade se desenvolver. Ver surgir vaga de emprego, ver padaria lotada, ver oficina funcionando. Mas é feio ver a água sumir, a poeira virar rotina, o mato virar ferida aberta. É preciso parar com o discurso decorado e fazer valer a escuta de verdade. Estado, município e empresa têm que sentar à mesa e falar do que importa. Não é só minério, é vida. Não é só contrato, é raiz.

Crescimento que só olha pro lucro não sustenta nem a sombra de uma árvore. Mineração tem que ser responsabilidade, tem que ser ética, tem que ser compromisso com o que vai ficar depois que a última carga sair.

A riqueza do Brasil é imensa.

Mas se não vier com respeito, ela vira dívida social.

Imagem: IBRAN; ANM