![]() A terceirização virou rotina em muitas empresas. E, apesar de trazer vantagens operacionais e econômicas, não dá pra ignorar o impacto que isso tem na saúde e segurança de quem está na ponta. Não é discurso alarmista — é realidade comprovada por estudos: trabalhadores terceirizados se machucam mais, se expõem mais a agentes perigosos e enfrentam maior desgaste emocional do que os efetivos.
O pesquisador Michael Quinlan traz um alerta importante no livro "Safe Performance in a World of Global Networks Case Studies, Collaborative Practices and Governance Principles". Segundo ele, três fatores explicam por que isso acontece com tanta frequência: pressão, desorganização e falha regulatória — o chamado modelo PDR.
Primeiro, a pressão: Na tentativa de cortar custos e aumentar produtividade, muitas empresas contratam o serviço mais barato. Só que isso quase sempre vem acompanhado de longas jornadas, cortes nos treinamentos e uma pressa que atropela etapas críticas de segurança.
Depois, a desorganização: A estrutura vira um quebra-cabeça. Equipes terceirizadas chegam sem conhecer o ambiente, muitas vezes sem o preparo necessário, com pouca supervisão e falhas graves de comunicação. A linha entre o que é responsabilidade de quem se apaga.
E por fim, a falha regulatória: trabalhadores terceirizados não conhecem bem seus direitos, não sabem a quem recorrer quando algo dá errado, e a fiscalização, quando existe, é insuficiente para acompanhar a complexidade da operação.
Mas o problema, na essência, não é a terceirização. É o jeito como ela é implantada. Há como fazer diferente. Algumas medidas que podem e devem ser colocadas em prática:
Avaliar os riscos antes de terceirizar, garantindo que a segurança não seja sacrificada em nome do custo.
Oferecer treinamento direcionado, linguagem clara sobre os riscos reais, e criar canais seguros para que essas pessoas possam reportar problemas sem medo.
Estender os mesmos mecanismos de proteção aos terceirizados, principalmente os que já estão há anos sustentando a operação.
Trazer os terceirizados para o centro das discussões de segurança. Eles não são visita, são parte do processo.
Dar preferência a empresas com histórico forte em SST. Não só pelo menor preço, mas pelo compromisso com a vida.
Resumindo: não dá mais pra tratar terceirizado como mão de obra de segunda categoria. É gente que carrega a operação nas costas e precisa de respeito, estrutura e voz. Terceirizar não pode ser sinônimo de abandonar. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 08/06/2025
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