![]() O Desconforto da PazTem gente que se acostuma tanto com o peso, que quando a vida começa a ficar leve... desconfia.
Vc já viu isso? A pessoa passou anos se desdobrando pra dar conta de tudo. Dormia pouco, chorava escondido, segurava a barra de um mundo que parecia que ia cair a qualquer momento. Aí, de repente, as coisas começam a entrar no eixo. O trabalho desacelera. Alguém estende a mão. Um amor aparece e não fere. Um silêncio que não machuca se instala na rotina.
E o que era pra ser descanso, vira susto.
A cabeça entra em modo de alerta. O coração bate torto. “Isso não pode estar certo”, vc pensa. “Será que vão me cobrar depois?” “Será que é cilada?” “Será que vão enjoar de mim quando eu parar de performar?”
É que a paz é esquisita pra quem viveu em guerra. O cuidado parece armadilha pra quem só conheceu desprezo. E o amor, quando é tranquilo, vira motivo de desconfiança.
É cruel isso. Porque a gente sonha tanto com sossego... mas, quando ele chega, a gente não sabe onde sentar. Fica igual visita em casa chique: sem saber se pode abrir a geladeira, se pode tirar o sapato, se pode ser quem é.
Felicidade, às vezes, assusta mais do que a dor. Porque a dor a gente já conhece de cor. Ela é previsível, a gente aprendeu a andar com ela. Agora, a paz... a paz é novidade. E tudo que é novo assusta.
Nietzsche escreveu que o inferno, por mais cruel, ainda é familiar. E é por isso que tem gente que insiste em voltar pra ele. Porque ali, pelo menos, sabe onde pisa.
Mas escuta uma coisa... A paz também é casa. Só que é casa com janelas abertas e sem grades nas portas. Dá medo no começo. Parece perigoso ser feliz. Mas não é.
É só desconhecido.
Fica mais um pouco. Te acostuma com o carinho. Com o tempo. Com o respeito.
A felicidade também é um lugar. Só que, pra chegar nela, tu vai precisar de uma coisa que ninguém te ensinou: coragem. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 06/06/2025
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