... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Amar assim machuca, mas é o único jeito que eu sei

Amar demais machuca.

Não tem outro jeito de dizer.

Dói aqui no peito, no lugar onde a saudade encosta, onde a lembrança aperta, onde o toque que não veio queima.

 

E ninguém te prepara pra isso.

Pra esse amor que rasga, que expõe, que te deixa vulnerável feito flor na ventania.

Tu ama e, sem perceber, entrega o coração com bilhete aberto: “cuida, por favor”.

 

Mas nem sempre cuidam.

Às vezes, apertam demais. Às vezes, soltam sem aviso.

E tu cai.

Cai bonito, porque quem ama com verdade não sabe cair devagar.

 

Só que eu não sei amar pela metade.

Nunca soube.

Amar, pra mim, é com as entranhas.

É querer o outro feliz mesmo longe.

É chorar ouvindo a voz.

É gozar de saudade.

 

Sim, tem dor. Mas também tem beleza.

Tem aquele calor que nenhuma proteção dá.

Tem riso besta no meio do caos.

Tem toque que cura mais que qualquer oração.

 

E se é pra viver, que seja assim — com o peito exposto, com os olhos brilhando, com o coração apanhando, mas vivo.

Porque amar desse jeito...

É cair de joelhos, mas também é voar sem asa.

 

E eu, sinceramente?

Prefiro me machucar mil vezes do que passar pela vida sem ter sentido isso.

Porque só sente de verdade…

quem não tem medo de doer.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 06/06/2025
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