quando o silêncio responde por dois

nem toda ausência é distração.

às vezes, é escolha mesmo.

e a gente vai fingindo que não vê…

porque dói aceitar que quem tu esperas, não vem.

não era sobre promessas.

era sobre presença.

sobre perguntar como eu tava, sem que eu precisasse sangrar pra ser percebida.

mas tu te calavas.

sempre.

eu falava, falava…

e tua resposta era o tempo.

era a demora.

era o “vou te ligar depois”

como se depois fosse sempre tempo pra tudo.

menos pra mim.

e foi ali que eu entendi:

quem não se posiciona, já escolheu.

quem silencia demais, também grita.

grita que não se importa.

ou que não tem coragem.

eu tentei, viu?

tentei ser leve, madura, paciente.

tentei explicar que conversa não é confronto.

que silêncio também machuca.

mas tu nunca quis ouvir.

talvez porque ouvir… significaria ter que sentir.

e agora, eu cansei.

não de ti.

mas de mim mesma, tentando caber num lugar onde só existia eco.

isso aqui não é despedida.

é só o fim da repetição.

tô indo embora de um vínculo que me fazia sumir devagarinho.

porque ficar já era me abandonar.

fica bem.

mas me deixa ir inteira.