![]() Boi Pavulagem (Belém/Pará - NORTE de encantaria desse Brasil)
o boi vem vindo, não tem hora certa — só vem. colorido, cuspindo tambor, carregado de encanto e poeira.
ele não pede licença, entra no peito e faz morada. pisa na rua como se fosse altar, benze a cidade com seu rastro de fé e miriti.
os meninos correm atrás como quem corre atrás da infância perdida, as mães batem palma com os olhos marejando, e os velhos, ah... os velhos dançam com as mãos, como quem reza sem palavras.
é pavulagem, sim — mas é também saudade. é riso largo misturado com lágrima quente. é gente simples se lembrando que ainda sabe sonhar, mesmo com a vida puxando pelo braço.
e eu, que não sei dançar direito, também fui… porque no compasso do boi, até quem tropeça encontra caminho. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 02/06/2025
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