... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Carta para quem ama com coragem

Amar não é permanecer igual. Não se ama todo dia com o mesmo tom, nem com o mesmo desejo, nem com a mesma coragem.

 

Às vezes, o amor pulsa forte — quer colo, quer entrega, quer mundo... Outras, silencia. Se recolhe como maré que recua... E isso não é ausência.

É ritmo. É verdade.

 

Mas a gente, ah... a gente foi ensinada a desconfiar do silêncio. A temer o espaço entre os passos da dança... A exigir constância como se fosse sinônimo de profundidade. A querer que o amor tenha manual, frequência, senha e cadeado.

 

Esquecemos que o que é vivo se move.

Que até as estrelas parecem fixas, mas estão em viagem... Segurança não é ter alguém preso — é ter alguém presente.

Não é possuir — é perceber.

Não é esperar — é encontrar.

 

Se tem uma coisa que o amor ensina, é que o agora é o único lugar onde ele acontece de verdade... Não no passado idealizado, nem no futuro inventado.

 

É aqui.

Na pausa entre um toque e outro.

Na decisão de ficar mesmo quando o outro parece distante. Na dança imperfeita onde às vezes um guia e o outro só respira...

 

Relacionamentos não são continentes.

São ilhas...E ilhas são cercadas de mar.

Às vezes a gente chega... Às vezes parte.

Mas se a ilha é boa, se tem verdade ali, a gente sempre volta com os pés salgados e o peito aberto.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 01/06/2025
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