Tem coisas que eu prefiro engolir em silêncio. Não porque eu não tenha o que dizer, mas porque já entendi que nem tudo precisa de resposta. Às vezes, o silêncio é a minha forma mais elegante de reação. Eu vejo, sim. Eu noto quando o tom muda, quando a frase vacila no meio do caminho, quando alguém fala demais tentando esconder o que devia ter calado. Eu reparo nos olhares trocados, nos vazios entre as palavras, nos padrões que se quebram quando alguém acha que ninguém está prestando atenção.

Mas eu não me movo por impulso como antes. Já fui de confrontar, de questionar, de buscar explicação pra tudo. Hoje, não mais. Hoje, eu escolho observar. Tem uma paz dolorida nisso. Um tipo de força que só quem já se desgastou tentando consertar o que não era seu percebe.

As pessoas se entregam sozinhas. Sempre. Mais cedo ou mais tarde, o que é encenação desmorona, e o que é real se mantém de pé. Não preciso correr pra desmascarar ninguém. Não tenho pressa em entender o que mais cedo ou mais tarde vai se mostrar.

Eu não sou desatenta. Só não me interesso mais por performances. Já dei muito palco pra gente vazia. Já me gastei demais tentando ser clara com quem se faz de surdo. Hoje, eu só assisto. E, enquanto assisto, aprendo. Aprendo mais sobre os outros, mas principalmente sobre mim: sobre o que não tolero mais, sobre o que não vou mais tentar salvar, sobre o que realmente vale minha energia.

E tem sido assim... ver mais, falar menos. Reagir só quando realmente importa. Porque no meio de tanta gente que grita, eu aprendi a me proteger no silêncio. Um silêncio cheio de olhos abertos.