... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

Textos


Cartas que nunca vou te enviar: Para um amigo - quase amante de minhas letras...!

Você, que me lê nas entrelinhas…

sabe que eu também sou feita de devaneios.

De sonhos que ninguém vê, de caminhos que só o coração entende.

 

Tem dias em que tudo parece mais pesado.

Carrego as cicatrizes quieta, como quem cuida de uma ferida antiga.

O tempo anda estranho, e às vezes me pergunto

quanto ainda falta para ele nos dar algum alívio.

 

As lembranças vêm como chuva fina —

dessas que molham sem fazer alarde.

Escrevo tentando acalmar a saudade,

mas a saudade tem o teu nome, mesmo quando não te cito.

 

Você me mostrou o orvalho das manhãs como se fosse um segredo,

me levou, sem sair do lugar, para dentro dos teus sonhos mais fundos.

E eu fui… te acompanhei de olhos fechados,

porque contigo até o absurdo parece abrigo.

 

Só que às vezes…

às vezes é como pisar em cacos,

ou afundar devagar em pensamentos que doem —

quando te ouço ser duro demais contigo mesmo.

Quando te vejo se esquecer do homem bonito que é, por dentro e por fora.

 

Você fala da vida como quem já entendeu tudo,

e da morte como quem já se despediu mil vezes em silêncio.

E eu fico ali, muda,

querendo te abraçar só para lembrar que tristeza também é forma de amar —

uma que não sabe pra onde ir, mas ainda assim permanece.

 

Tem um lugar aqui dentro, só nosso,

cheio de memórias que ainda me fazem sorrir com lágrimas nos olhos.

Porque você, como eu, é feito de poesia bruta — quebrado em pedaços lindos, como quem ainda crê que o amor tem conserto.

 

E eu, mesmo cansada, continuo tentando montar esse quebra-cabeça da vida…

nadando contra as correntes do que sentimos e do que calamos.

E quer saber?

Mesmo assim, tem algo aqui — dentro, bem dentro —

que insiste em florescer.

 

Talvez seja esperança.

Talvez seja você.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 25/05/2025
Alterado em 25/05/2025
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