Um desejo sussurrado à meia-noite (como sussurraria Sade, entre sombras e veludo)

A você...

que nesse instante recolhe os cacos do dia,

tentando alinhar pensamentos tortos,

medos antigos, e sonhos que ainda queimam.

A você que só queria um abraço —

não por carência,

mas por medo de escorregar no escuro

e não voltar.

A você que entrega tudo,

e ainda assim... o mundo pede mais.

A você cujo coração

bate como um tambor desafinado —

estranho, fora do ritmo, mas vivo.

A você que está cercado de vozes,

mas se sente invisível.

Presente, mas não tocado.

Sempre um pouco fora de lugar...

A você que partiu,

porque cansou de ser promessa adiada,

eco de uma espera sem resposta.

Desejo que essa noite passe rápido.

Que não te rasgue mais do que já foi rasgado.

E que a dor, se vier,

seja breve como um sopro —

ou doce como um sussurro no escuro.