Sebastião Salgado

(1944 – 2025)

O mundo em preto e branco ainda sangra

Não é todo dia que o mundo perde um homem que enxergava além da superfície. Sebastião Salgado não clicava!

Ele ouvia o grito... E registrava!

Em silêncio...

Na Serra Pelada, ele não viu garimpeiros viu corpos exaustos carregando promessas podres de ouro nas costas. Na Amazônia, não enxergou floresta viu gente. Viu suor, fé, luta. Viu os braços levantados de quem ainda tenta proteger o pouco que restou da terra, da dignidade, do próprio nome... Em Eldorado dos Carajás, ele não viu caixões viu 21 homens assassinados pela covardia do Estado... E nos mostrou.

Com ele, o preto e branco nunca foi ausência de cor... Foi excesso de verdade!

Salgado nos lembrou que a dor tem beleza. Que a miséria tem rosto... E que o humano, quando exposto sem filtro, pode ser poesia mas nunca deve ser ignorado.

Ele partiu... Mas deixou rastros.

E eu, que carrego um dos seus livros em casa como quem guarda um relicário, sei: certas imagens não se apagam...

Elas seguem rasgando...

Como deve ser!