![]() O Silêncio Que Custa Caro... (corporativando)
Tem gente que acredita que o maior risco no ambiente de trabalho está nas máquinas, nos produtos químicos ou nas falhas técnicas. Mas, na prática, um dos riscos mais perigosos é o silêncio. Quantas vezes a gente percebe algo errado, uma prática insegura, uma falha que se repete… e engole seco? Fica calado pra não parecer chato, intrometido, briguento. A gente se cala pra não incomodar “o dono do processo”, pra não se indispor com o colega ou com a liderança. E, nesse silêncio, se esconde uma falsa sensação de paz — quando, na verdade, se alimenta o problema.
Eu sempre acreditei que quem não pensa criticamente sobre seu próprio trabalho dificilmente entende o real objetivo da unidade. E o nosso objetivo não é cumprir tabela, nem operar no piloto automático. O foco é entregar com qualidade, com segurança, sem retrabalho e sem prejuízo financeiro.
Mas como garantir isso se a cultura da empresa não dá espaço para o questionamento? Quantas vezes uma tentativa de melhoria é vista como “invasão de área”? Quantas vezes o medo de parecer agressivo faz com que a pessoa mais atenta da equipe escolha se calar? Essa lógica precisa ser virada do avesso. E não é discurso bonito, é dado real: empresas que registram mais incidentes pequenos costumam ter menos acidentes graves. Companhias aéreas que reportam mais “quase acidentes” são, paradoxalmente, as mais seguras. Sabe por quê? Porque aprenderam a enxergar os riscos — e a conversar sobre eles — antes que virem tragédia.
O exemplo da plataforma Deepwater Horizon escancara isso. Foram seis anos comemorando a marca de “zero acidentes”. Até explodir. Até morrerem 11 pessoas. O problema nunca foi a ausência de números — foi a ausência de escuta.
Na prática, os melhores times não são os que evitam erros a qualquer custo. São os que falam sobre eles com maturidade. São os que têm um ambiente onde qualquer pessoa — do estagiário ao gestor — pode levantar a mão e dizer: “isso não está certo”. E ser ouvida. Na Idade Média, o Papa tinha o “advogado do diabo”, alguém designado pra questionar tudo e todos. Hoje, muitas empresas tratam quem levanta uma dúvida como inimigo. E isso não é só injusto. É perigoso.
O que mantém uma operação segura não é a ausência de erro — é a presença de diálogo. A humildade de admitir falhas, de perguntar, de revisar. É quando a liderança diz “não sei, me ajuda?”, e abre espaço pro time construir junto.
Na próxima vez que você perceber algo fora do lugar e sentir aquele frio na barriga antes de falar... fale. Com respeito, com responsabilidade, mas fale. Porque, às vezes, o silêncio que parece proteger... é o mesmo que adia o problema até ele explodir. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 16/05/2025
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