![]() Pepe Mujica: o líder que nos ensinou que é possível fazer história sem vender a almaNão foram suas roupas simples, nem o Fusca azul que dirigia, nem a horta que cultivava na chácara. O que fazia de Mujica um líder incomum era sua coragem de ser contraditório num mundo de líderes previsíveis. Foi sua fidelidade a valores que não cabem mais nos palanques, mas que ainda podem, se quisermos, caber na vida: dignidade, equidade, humanidade.
Mujica não foi só presidente. Foi agricultor, guerrilheiro, prisioneiro político e sobrevivente — mas, acima de tudo, foi homem público no sentido mais raro e valioso do termo: um homem que viveu com o povo, pelo povo, e sem se colocar acima dele.
Enquanto muitos confundem socialismo com autoritarismo ou miséria, Mujica o defendeu com a leveza de quem entendeu que ideologia sem afeto vira dogma. E que justiça social sem escuta vira imposição.
Pepe não se ajoelhou diante dos holofotes. Riu deles. Desviou deles. Preferiu ser lembrado pelo que recusou do que pelo que conquistou. Disse não ao luxo, ao poder acumulado, à hipocrisia de um sistema que exige discurso bonito em cima de alicerces podres.
Fez política como se planta: com tempo, com terra, com raiz. E colheu, com lucidez, o respeito de quem sabe que a história pode ser feita sem vaidade.
Agora, em fase terminal, Mujica mais uma vez nos dá uma lição silenciosa: morrer com dignidade também é uma escolha política.
E nós? Seguimos correndo atrás de curtidas, cargos e palácios de vidro. Talvez seja hora de desacelerar. Talvez seja hora de lembrar que a verdadeira grandeza não grita. Ela planta. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 12/05/2025
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