![]() Deixei de lado essa urgência em justificar minha versão dos fatos.Durante um bom tempo, acreditei que se as pessoas soubessem o que realmente aconteceu, tudo faria sentido. Mas a vida, líquida em seus desvios, não espera nossas explicações. Ela escorre — e com ela, as versões de nós mesmos que um dia gritaram por reconhecimento também se vão.
A cura, ao contrário da narrativa, não precisa de audiência. Ela age em silêncio, enquanto aprendemos a nos afastar da necessidade de provar, de convencer, de permanecer onde já não somos escutados.
Aprendi a observar — com olhos menos ansiosos — quem só aparecia quando era conveniente, e quem se calava quando eu mais precisava de voz. E isso, como Bauman talvez dissesse, não é sobre ressentimento... é sobre lucidez.
Desfiz a mobília emocional onde antes acomodava os que vinham por costume e não por compromisso. Meu afeto não perdeu o calor — mas a mesa ficou menor. Porque agora, o que me aquece não é mais a quantidade de presenças, mas a qualidade dos vínculos.
Não é frieza. É maturidade em tempos de afetos frágeis. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 12/05/2025
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