A Sutil Arte de Ligar o Fda-se* (Mark Manson) -

Não é sobre ignorar tudo. É sobre escolher

Mark Manson não promete sucesso. Promete desconforto. E, se você leu esse livro esperando uma fórmula de motivação matinal ou uma lista de hábitos para “ser foda”, bem... você caiu no lugar certo — só que com o chão puxado. A Sutil Arte de Ligar o Fda-se* não é sobre ignorar tudo. É sobre escolher — com brutal honestidade — com o que realmente vale a pena se importar.

Com humor debochado e uma linguagem que parece ter saído de um boteco com Wi-Fi, Manson desmonta aquela autoajuda cor-de-rosa, onde basta pensar positivo para que o universo conspire. Ele diz: “não, cara. A vida dói. E vai continuar doendo, mesmo que você medite, coma chia e tenha um planner organizado por cores.”

O que faz desse livro um bom soco na boca do estômago é que ele não vem embebido em otimismo tóxico. Ele nos lembra, com sarcasmo e lucidez, que viver bem não é evitar sofrimento — é escolher qual tipo de sofrimento vale a pena encarar. E isso exige maturidade, não mantras.

Algumas passagens merecem atenção especial. Como a abertura com a história de Bukowski, um poeta fracassado e bêbado que só conseguiu sucesso quando decidiu parar de tentar parecer alguém que não era. Ou o capítulo em que Manson aponta que nosso sofrimento aumenta justamente quando tentamos evitar qualquer incômodo. É desconcertante e verdadeiro. Porque é exatamente isso: quanto mais a gente quer parecer feliz, mais se sente miserável.

Claro que o livro não é perfeito. Em alguns momentos ele se repete, empolga-se demais com a própria irreverência e até soa superficial diante de temas profundos. Mas ainda assim, ele funciona — porque provoca. E provocar, hoje, num mundo entorpecido por filtros, já é um ato de resistência.

No fim, Manson nos oferece uma espécie de libertação prática: você não precisa vencer na vida. Precisa é parar de se sabotar tanto tentando vencer do jeito que os outros dizem que é certo.

Não é uma leitura para todo mundo. Mas pode ser um espelho útil para quem já cansou de se olhar apenas com elogios.