A gente fala demais as vezes...

Tem gente que engole. Engole o nó na garganta, engole o riso sem graça, engole a palavra atravessada que não consegue devolver.

A gente fala demais às vezes. Fala sem pensar, sem pesar, sem se importar que aquilo que foi “só uma piada” pode virar farpa alojada em alguém.

E o pior é que nem sempre dá pra ver. Porque quem sente, nem sempre mostra. Tem gente que não sabe se defender sem desmoronar.

Então cala. Sufoca. Sorri torto. Muda de assunto.

Finge que não doeu. Mas levou a porrada inteira no peito.

E fica ali — com o eco da frase machucando por dias.

Porque não é fraqueza… é cansaço. É medo de parecer frágil demais, sensível demais, exagerado demais.

É ter tentado se explicar uma vez, e ter sido ridicularizado.

Então agora só abaixa os olhos. E carrega.

Você conhece alguém assim.

Pode ser a pessoa que sempre ri das próprias dores.

Ou aquela que faz piada antes que você faça.

Ou aquela que você acha “de boa”, mas que vive se recolhendo por dentro.

Por isso, que a gente aprenda a falar menos quando já percebeu que foi longe demais.

Que a gente pare de medir força com palavras e comece a medir presença com cuidado.

Porque tem gente que tá só tentando sobreviver ao que nunca conseguiu responder.