![]() Carta aberta aos que sustentam o mundo com os próprios ombros — não porque querem, mas porque ninguém mais o faz por eles.
Antes de qualquer coisa, quero dizer: eu te vejo. Não no sentido superficial, de quem apenas nota sua presença no mundo, mas no sentido mais fundo — eu vejo o quanto você se mantém de pé mesmo quando tudo em você grita por repouso. Você resiste porque precisa, porque desistir parece não ser uma opção. E isso, por mais bonito que pareça aos olhos dos outros, carrega um custo silencioso.
A psicanalista Maria Rita Kehl fala sobre como nossa sociedade atual — atravessada pelo discurso da produtividade — transforma o sofrimento em algo a ser calado. Mas você sente. Mesmo que silencie. Mesmo que continue sorrindo, fazendo, entregando, carregando. Você sente.
Essa força que os outros aplaudem às vezes vem do medo. Do medo de desabar e ninguém estar lá. Do medo de olhar pra dentro e se perder. Do medo de parar e descobrir que tudo aquilo que você sustenta desmorona. Mas, e se eu te dissesse que parar não é sinônimo de fracasso? Que descansar não te diminui?
Você pode estar exausto. Não é fraqueza, é humano. E esse cansaço não é só físico. É o cansaço de segurar tudo sem nunca se permitir soltar. De carregar expectativas que nunca foram só suas. De manter um equilíbrio que o tempo todo ameaça ceder. De não ter tempo nem para sentir.
Talvez o que você precise hoje não seja ouvir mais um “você consegue”, mas sim um “você pode parar um pouco”. Pode se deitar. Pode não responder. Pode não dar conta. Porque você não é uma máquina. Você é feito de carne, alma e emoção — tudo isso que o mundo moderno tenta controlar, mas que insiste em pulsar.
Acredite: o que é seu virá. Mas, antes, olhe pra quem você é agora. Abrace suas pausas. Honre seu corpo que ainda caminha, mesmo cansado. Honre sua mente, mesmo em confusão. E não se esqueça: escutar a si mesmo talvez seja o único gesto de coragem que nos salva no fim do dia. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 04/05/2025
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