... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

Textos


O amor não mora em marmitas frias nem em silêncios justificados pelo cansaço.

Estar com um homem trabalhador não é para todas — e ainda bem.

Algumas nasceram para colher flores.

Outras, para incendiar os campos.

 

Enquanto muitas sonham com estabilidade, eu aprendi com Anaïs Nin que:  “o amor nunca morre de fome, mas sim de indigestão”.

E há amores que sufocam de tanto serem úteis.

 

Ser parceira de um homem que vive para o trabalho é, sim, uma escolha...

Mas não me venha com esse romantismo exausto travestido de heroísmo.

 

Ele acorda cedo, volta tarde, mal olha nos meus olhos — e ainda dizem que isso é amor?

 

Amor é presença. É toque. É troca.

Como disse Camille Paglia, “a mulher que não exige prazer é cúmplice da própria ausência”.

 

Sim, ele pode me amar com as mãos calejadas,

mas eu exijo que saiba me tocar com a alma.

Não quero um provedor.

Quero um cúmplice de delírios.

Um amante de fôlego longo.

Alguém que me veja com fome e não me ofereça apenas descanso.

 

Não sou mulher para ser deixada de lado no sofá...

enquanto ele sonha com o futuro.

Meu corpo é agora.

Meus desejos não têm turno.

Não batem ponto.

 

Que os bravos homens trabalhadores sejam exaltados, claro...

Mas que nunca esqueçam:

uma mulher que conhece o próprio valor não espera,

não se conforma,

não se contenta com metades.

 

Porque no fim, como diria Salomé

quando não me dão o que mereço, eu danço... e tomo.

 

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 04/05/2025
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