![]() Sobre insistir no que já foi embora:Tem gente que coleciona anos como se isso fosse prova de amor. Como se o tempo, sozinho, justificasse a permanência. Mas o tempo não é argumento — é só medida. E tem casamento que dura 20 anos sem durar um dia sequer de afeto real.
Vi de perto um homem viver mais de uma década ao lado de alguém que já não dividia nada além do teto e do sobrenome. Pai de filhos, provedor de sustento, mas ausente de si mesmo. Trabalhava longe, dormia mal, se perdia em outras mulheres tentando encontrar um pedaço de si que já não cabia no lar.
E no meio dessa vida em ruínas sustentada por aparências, houve uma mulher que ele mantinha à margem, mas que via o que nem ele tinha coragem de encarar. Ela o amou no silêncio — sem promessas, sem nome, sem lugar. Amou de longe até o filho especial, mesmo sem nunca ter sido assumida, mesmo sendo só uma lembrança conveniente para ele. Ela era o porto onde ele descansava, mas nunca o lar onde ele ficava.
Case-se 20 vezes, se for preciso, mas não permaneça 20 anos num casamento que só existe no papel. A liberdade assusta, mas a mentira apodrece.
O amor não é sobre resistir até o fim — é sobre saber a hora de ir embora com dignidade, antes que a alma se acostume com o vazio. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 04/05/2025
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