... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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O Prazer que Transforma

Não se engane — o prazer não é um luxo. É uma urgência.

Não é capricho, é força vital. É excesso necessário.

 

Você já se deitou com alguém que não era só pele, mas linguagem do seu desejo mais cru? Já penetrou o outro não com o corpo, mas com aquilo que em você não se cala — esse gozo que insiste?

 

Então você sabe do que estou falando.

 

O dia seguinte não é apenas outro dia. É outra forma de estar no mundo.

O corpo desperta antes do despertador. A alma treina antes da academia.

Você fala com o porteiro com alegria genuína. A conta atrasada vira piada.

O caos cotidiano se rende à sua vibração.

 

Porque quem goza de verdade — com presença, com escuta, com vontade — não está apenas transando. Está refundando a própria subjetividade.

 

Sade já dizia que o desejo não é moral. É política do corpo.

E Lacan nos lembra que o sujeito é efeito do desejo.

 

Quem vive com libido ativa, com esse gozo que escapa da normatividade,

entra num ambiente e o ambiente muda.

Não porque é bonito, não porque é simpático.

Mas porque vibra com a pulsação do real.

Porque está em contato com o que há de mais autêntico:

o desejo que move.

 

Você quer viver de verdade? Então coma — a vida.

Com palavras, com gestos, com coragem.

Com a fome dos que sabem que o agora é tudo que existe.

 

E se alguém se incomodar?

Lembre-se: quem não suporta o desejo do outro, não suporta o próprio.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 03/05/2025
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