![]() A delicadeza de quem molda o que não é seu
Algumas verdades não são ditas... são lapidadas. Como quem, com mãos calmas e olhos atentos, esculpe no silêncio uma versão mais bonita, mais aceitável daquilo que deveria ser apenas... realidade.
É um processo quase imperceptível. Um pequeno ajuste na narrativa. Uma omissão aqui, um enfeite ali. E de repente, a história já não é mais a mesma — é uma história confortável. É a verdade vestida de intenções.
O problema é que toda verdade moldada carrega uma rachadura invisível. No começo, ninguém vê. No começo, até parece arte. Mas, com o tempo, o peso daquilo que foi silenciado começa a escorrer pelas bordas.
E então... os olhos já não se encontram da mesma forma. As palavras já não repousam tão serenas. O silêncio, antes seguro, se torna constrangimento.
É fácil esquecer que a verdade não foi feita para caber em moldes — foi feita para doer, para curar, para libertar. A verdade não é confortável. A verdade é digna.
E toda vez que alguém, por medo ou conveniência, tenta esculpi-la ao seu gosto... não cria uma história melhor. Cria uma mentira que cansa de se sustentar sozinha.
Talvez seja por isso que os que têm coragem de dizer o que precisa ser dito — sem adornos, sem disfarces, sem ceder — sejam tão raros. E tão profundamente livres.
Porque no fim, quem se molda demais... é quem mais se perde de si. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 28/04/2025
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