![]() Tem gente que escolhe se relacionar com outro alguém... não por amor, mas por medo. Medo da solidão, da ausência, da própria sombra. Às vezes, por conveniência. Por exaustão. É a realidade de quem foge de si e se agarra ao que parece porto, mesmo quando é prisão.
E tem gente que vira projeto de recomeço para o outro. Que é escolhido não pela reciprocidade, mas pela oportunidade. Como se fosse possível erguer um amor onde só existe fuga.
Quantas histórias são construídas assim... em cima de contratos invisíveis? Um se acomoda, o outro se molda. Um oferece estabilidade, o outro entrega presença em parcelas. E ali, entre os restos do que não foi vivido com coragem, nasce o vínculo. Um vínculo morno, funcional, que se arrasta por anos — porque é mais fácil continuar do que desfazer.
E o pior: quando o tempo passa, aquilo que começou como escolha vira hábito. E o hábito, como bem sabia Kierkegaard, é o disfarce mais sutil do desespero. A pessoa não está feliz, mas está acostumada. Já sabe o roteiro, já decorou as ausências, já fez as pazes com o pouco — porque o pouco não exige mudança.
É mais fácil aceitar a presença incompleta do que encarar a ruptura. É mais confortável dormir com a dúvida do que acordar para o vazio. E assim, muita gente vai ficando. Vai aceitando o que não preenche. Vai sobrevivendo ao lado de alguém que já não vê — ou que nunca viu.
Mas a vida não é feita para quem se esconde do próprio chamado. E o amor, quando verdadeiro, não se acomoda: ele move. Ele desloca. Ele exige coragem... e presença inteira. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 22/04/2025
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