![]() Carta que nunca será enviada — sobre um cachorro que virou metáforaVocê apareceu de novo! E eu… eu não senti aquele frio... Senti alívio. Senti um estranho tipo de liberdade misturado com um gosto antigo de saudade que não volta mais.
Aquela foto do cachorro não era só sobre o animal... Era sobre a gente... Sobre tudo que você nunca soube alimentar, treinar, cuidar... Sobre tudo que você tentava jogar no mundo como se o mundo resolvesse — e não, ele não resolve. E uma hora, o mundo cobra.
Você me disse, tempos atrás, que queria um cachorro pra gente cuidar juntos. E eu, tonta de esperança, achei que era um convite. Mas você não queria cuidar comigo. Você queria que eu cuidasse pra você.
Ontem, quando você mandou aquela foto, eu entendi tudo... Entendi que o cachorro era um pedido de desculpas disfarçado. Uma tentativa de voltar sem dizer que errou.
E aí eu te disse o que talvez nunca tenha dito com tanta clareza: "Cuidar exige dedicação. Cuidar exige comprometimento."
E você só curtiu com aquela mãozinha de reza... Como se isso bastasse... Como se silêncio fosse resposta. Então eu fiz o que há meses eu ensaiava sem coragem: Te apaguei dos meus contatos.... Não como quem apaga alguém da vida. Mas como quem fecha um livro lido até a última página.
E ainda assim, sem final feliz.
Hoje, você e o cachorro voltam pro norte. E eu fico aqui, a mil quilômetros de distância. Mas, pela primeira vez, com o coração exatamente no lugar.
E não... essa carta não vai ser enviada. Mas ela vai ficar comigo. Como ficam as cartas que a gente escreve só pra lembrar que sobreviveu. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 22/04/2025
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