![]() “Tenho sede.”(Jo 19,28)https://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/3600005 (Vestindo minha publicação de 2012, com o pensamento atual de estudante de Filosófia)
Duas palavras. Só isso. Mas dentro delas mora um grito que o mundo não ouviu direito. Porque não era só sede de água... era sede de sentido, de resposta, de cuidado, de humanidade.
Jesus ali, ensanguentado, esvaziado, pendurado… e tudo o que consegue dizer é: tenho sede.
E eu penso: quantas vezes a gente também só consegue dizer isso? Não com a boca seca… mas com a alma.
No texto de 2012, diz:
(...)“Quem é tão bárbaro que enquanto geme, o refrigério de poucas lágrimas lhe há de negar?”(...)
E hoje, eu leio isso e quase escuto uma voz dizendo: “Quem é que nega um copo d’água pra quem já tá morrendo?”
Mas hoje, a Simone de agora, sabe que a sede de Jesus é também a nossa sede.
Sede de justiça. Sede de presença real. Sede de um mundo que não negue o essencial.
Simone de Beauvoir, que não tinha fé institucional, mas que entendia o que é lutar por corpos esquecidos, diria que essa sede é o grito dos vulneráveis. Ela nos lembraria que cada vez que alguém tem sede — e o mundo passa reto — a cruz se repete.
Mas Frantz Fanon, aquele que falou da dor de existir num mundo colonizado, diria: “A sede de Jesus é a sede de todos os corpos que foram negados até o fim. Negar água pra um morrendo é negar sua humanidade.”
E eu… eu escuto essa frase e penso em todos os tipos de sede que a vida me fez sentir. Sede de ser ouvida. Sede de ser vista. Sede de acolhimento… sem precisar fingir pureza, nem caber em rótulo.
Hoje, minha fé não é em milagres que caem do céu. É na água que brota do chão. Na lágrima que escorre e lava. No cuidado que chega sem anúncio.
Jesus teve sede. E deram vinagre. Quantas vezes a gente faz o mesmo com quem pede só um pouco de atenção? Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 18/04/2025
Alterado em 18/04/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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