![]() “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.”(Lc 23,43)https://www.recantodasletras.com.br/mensagensreligiosas/3600005 (Vestindo minha publicação de 2012, com o pensamento de uma atual estudante de Filosófia)
Essa frase… ela não foi dita a um justo. Não foi pra um santo. Foi pra um cara que tava sendo executado... lado a lado com o próprio Deus.
A teologia chama ele de “ladrão arrependido”. Mas eu vejo mais: vejo alguém que, pendurado no limite entre a culpa e o fim, escolheu acreditar — mesmo quando tudo já parecia perdido.
E aí Jesus não enrola, não prega, não manda ele “se consertar primeiro”… Jesus só diz: “Hoje.” Hoje mesmo. Sem catequese. Sem igreja. Sem ritual.
E eu? Eu, que já vivi em tantos desertos de mim mesma, sei o que é esse tipo de fé. Não a fé de altar... mas aquela que brota no desespero, no cheiro da morte, no cansaço do corpo que já não espera nada — e ainda assim, se atreve a pedir. Só pedir.
Quem escreveria sobre isso lá atrás? Pascal. Um dos poucos filósofos que misturou lógica com lágrima. Ele dizia que o coração tem razões que a razão desconhece… E talvez seja isso: a razão teria condenado o ladrão. Mas o coração de Jesus… acolheu.
E se a gente puxa pro agora, quem eu colocaria pra dialogar? Judith Butler. Essa mulher que ousa falar de corpos invisibilizados, de vidas que o sistema recusa reconhecer como dignas. Talvez ela diria: “Aquele ladrão não era só um corpo descartável. Era um sujeito que ousou desejar existir além da punição.” E Jesus, ao responder, quebra a lógica punitiva. Ele diz: você não é o que fez. Você é o que ainda pode ser… comigo.
O texto que escrevi lá em 2012 dizia:
(...)"Vem no transe funéreo ajudar-me..."(...)
Hoje eu olho pra isso e vejo uma busca desesperada por não morrer sozinha. Por não virar pó sem antes ser olhada. E Jesus, de novo, olha. Responde. Inclui.
Hoje mesmo... no meio do horror, no caos das certezas, na falência do corpo... Jesus promete companhia.
E eu, que fiz da mata meu templo, da montanha minha oração, só consigo agradecer a esse Cristo que vê o outro mesmo quando todo mundo já virou o rosto. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 18/04/2025
Alterado em 18/04/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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