![]() O Império da Ambição: uma recusa ao conforto da mediocridade
Por uma estudante de filosofia que cansou de esperar permissão
Não sei você, mas eu cansei.
Cansei da pedagogia da obediência disfarçada de civilidade. Cansei da repetição em sala, da tolerância covarde que teme o embate, da falsa ideia de que toda opinião merece respeito. Cansei do silenciamento revestido de "maturidade profissional". Esse ambiente polido onde a paixão precisa pedir desculpas e a ambição é tratada como arrogância.
A ambição, essa centelha maldita que tantos temem, não é um defeito de caráter. É uma forma de vida. Nietzsche já falava da vontade de potência como a força criadora por trás de tudo o que escapa ao rebanho. Ser ambicioso é romper com a manada. É bancar o próprio desejo sem a aprovação dos pares. E por isso, claro, o ambicioso incomoda. Porque se move. Porque rompe. Porque expõe o marasmo dos que se contentam.
Byung-Chul Han denunciou a "sociedade do cansaço". Mas a fadiga não vem do excesso de trabalho. Vem da falta de sentido. Vem da tentativa constante de caber onde não se deseja estar. A positividade obrigatória, o desempenho eterno, o sorriso pronto são ferramentas de controle. Ambicionar mais do que isso é um ato de desobediência.
Judith Butler nos ensinou que até nossas identidades são performáticas. Mas o que acontece quando a performance não segue o roteiro? Quando a mulher ambiciosa não suaviza o tom? Quando o corpo dissidente não pede acolhimento, mas exige espaço? A resposta é o isolamento. E é justamente nesse isolamento que muita gente desiste.
Mas alguns ficam. Alguns resistem. Alguns decidem construir seu império sem a permissão de ninguém. E isso tem nome: clareza.
Claridade sobre o que se quer, mesmo quando ninguém entende. Clareza sobre os riscos, inclusive o de ser odiado. Clareza de que a mediocridade é um pacto coletivo onde a maioria se sente segura. Mas também é uma cela.
A ambição não é sobre cargos, prêmios ou likes. É sobre bancar o próprio pensamento, mesmo que ele seja sujo, imperfeito e solitário. Gilles Deleuze dizia que pensar é produzir o novo. Mas o novo é rejeitado por definição, porque quebra o que era cómodo. Ser ambicioso, então, é aceitar ser o desconforto dos outros.
Este texto não é uma defesa da ambição vazia. É uma recusa. Uma recusa em aceitar que a vida seja esse roteiro pasteurizado, onde se pede aprovação antes de agir. É também um aviso: ninguém vai te dar permissão. E se você continuar esperando, vai morrer esperando.
A boa notícia? Ainda dá tempo de rasgar o script.
Assinado, uma estudante cansada de ensaiar o que já nasceu pronta pra viver. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 15/04/2025
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