... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

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Enquanto os estadistas se calavam, os populistas gritavam

 

Teve uma época — e parece que faz muito tempo — em que presidente dos Estados Unidos ainda significava alguma coisa. Não apenas pela faixa no peito, mas por um tipo de postura diante do mundo. Eram líderes que, mesmo quando erravam, erravam com método. Clinton jogava xadrez político. Bush tropeçava nas palavras, mas tinha por trás um sistema que conhecia os bastidores. Obama? Podem criticar, claro — e com razão em muitos pontos — mas o cara entendia que um tratado não se rasga por birra. Ele negociava… negociava porque sabia que política internacional não é reality show.

 

E aí veio ele. Trump.

 

Com Trump, tudo virou palco. Não importa o conteúdo, só o barulho. O Acordo Nuclear com o Irã, que levou sete anos pra ser construído, foi rasgado em um gesto só. Porque tinha a assinatura de Obama. Porque era bonito demais, técnico demais, diplomático demais pra caber numa timeline de 280 caracteres. O problema não era o Irã. Era o ego.

 

E agora?

 

Agora vemos o Irã — fragilizado, cercado, sem moeda forte nem apoio global — tentando negociar. E os EUA, que se achavam inalcançáveis, também… tentando negociar. Por necessidade, não por visão. Porque o mundo queimar está ruim pros dois.

 

A diferença de ontem pra hoje está no estilo. Antes, os acordos internacionais eram construídos em silêncio, entre papéis, prazos, gestos frios e estratégicos. Hoje, tudo vira guerra cultural. Tudo vira meme. Tudo depende de quem aperta o botão.

 

A diplomacia virou refém de quem grita mais alto.

 

E enquanto isso, o mundo espera. Sentado. Porque os estadistas cansaram… e os populistas estão no palco, fazendo barulho com medo do silêncio.

 

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 13/04/2025
Alterado em 13/04/2025
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