![]() Viemos ao mundo nus, despidos de virtude ou pecado, meros recipientes de desejos a serem preenchidos. Partimos, por fim, com as mãos vazias, levando apenas as cicatrizes algumas doces, outras cruéis.
Entre o nascer e o morrer, esse teatro grotesco chamado vida nos oferece presentes sim, mas embalados em lições que ferem e acariciam ao mesmo tempo.
Cada criatura que cruza nosso caminho amante, carrasco, cúmplice ou traidor. traz consigo o dom de revelar nossas máscaras.
Aprendemos a amar... com fome, com dor, com entrega. Aprendemos a impor limites — ou a transgredi-los com gosto.
E, com o tempo, aprendemos a soltar as amarras, a deixar ir... mesmo que nosso desejo clame por posse até o fim.
A jornada nos ensina que a graça é um véu frágil, que empatia e aceitação nem sempre vencem o prazer ardente do julgamento.
O ódio, ainda que pesado, por vezes aquece mais do que o amor. Mas o amor, ah, o amor... Nosso mais cruel e doce vício.
Viemos através do amor, sim mas não um amor piedoso, e sim carnal, pulsante, inquieto como o grito contido entre os dentes.
E talvez, ao final, retornemos não ao amor celestial, mas ao ventre da terra, onde tudo se dissolve e onde a dor e o prazer são indistinguíveis. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 05/04/2025
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