... Expressividade ...

"Decifra-me mas não me conclua, eu posso te surpreender! - Clarice Lispector

Textos


Sobre a série Ruptura:

  Quando a gente se divide pra caber num crachá

 

Separar o “eu profissional” do “eu pessoal” sempre pareceu uma solução elegante. Mas talvez seja só uma amputação bem embalada…

 

A série Ruptura é mais do que ficção… é espelho. Mostra o que acontece quando nos forçam a ser eficientes sem direito a sermos inteiros.

 

“Separar quem você é do que você faz não te protege — te fragmenta.” E se parece exagero, basta lembrar quantas vezes você engoliu a própria raiva. Quantas ideias engavetadas pra não parecer “difícil”

 

Quantas dores disfarçadas de planilhas…

 

Nietzsche dizia que “aquele que tem um porquê enfrenta qualquer como”… Mas e quando o porquê desaparece?

 

Fica só o movimento. Fica só o corpo indo sem saber mais pra onde…

 

“Produzindo sem compreender"

 

Refinando dados apagando alertas internos. Fazendo o que mandam, mesmo quando tudo dentro de você grita que não faz sentido.

 

E o reconhecimento?

Vem em forma de prêmio simbólico, tapinha nas costas, uma plaquinha na parede. Mas ser visto, é outra coisa.

Ser visto é ser reconhecido em sua inteireza — não só como peça útil.

 

Simone de Beauvoir já dizia: “o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”.

 

E talvez seja isso que Ruptura mostra com tanta clareza:

O sistema se sustenta quando a gente confunde recompensa com acolhimento.

Quando confunde pertencer com se submeter.

 

E assim a gente segue…

Pedindo férias pra fugir da vida que a gente mesmo aceitou viver. Se anestesiando com metas, entregas, reuniões. Chamando de “carreira” aquilo que, no fundo, virou só sobrevivência emocional.

 

Mas cedo ou tarde… A dor volta. A consciência grita. E aquilo que você tentou esconder de si mesmo, te espera na porta de saída.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 05/04/2025
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