Fique só, até achar o amor ou você mesma.

Fique só. Até que o amor não seja uma coleira, uma barganha, uma dívida cobrada na madrugada. Fique só até que o amor não pareça um jogo em que você sempre perde. Porque, meu bem, se precisa implorar, já perdeu.

Fique só até que ninguém mais tente enfiar na sua goela a mentira de que amor é sacrifício. Amor não é suor frio, nem reza de desespero. Amor é carne quente e riso fácil, não um nó na garganta.

Fique só até que alguém te devore com fome e depois te olhe nos olhos, não como quem conquistou um troféu, mas como quem encontrou um igual. Fique só até que não precise desenhar o óbvio, até que não precise explicar que você não nasceu para ser a sombra de ninguém.

Fique só até que te desejem pelo que você é, e não pelo que podem arrancar de você. Até que o amor venha sem a necessidade de ser um teatro ou um contrato de servidão.

E se esse amor nunca vier?

Foda-se. Então beba um gole gyn, acenda um charuto, ouça um bom blues e continue sendo livre. Porque antes só, do que enjaulada em mãos mornas e promessas ocas.