E aí Deus?...

Você rezou. Chorou. Fez promessa pra santo que nem lembra o nome. Bebeu, fumou, gritou com o espelho. Pediu pra alguém ficar, como se amor fosse contrato, como se fé fosse barganha. Deus? Deus ficou quieto.

As portas se fecharam, os amigos sumiram, o emprego foi pro ralo. Você achou que era castigo. Achou que a vida tava só esperando um deslize seu pra te enfiar um pé na cara.

Mas aí, um dia qualquer – talvez um ano depois, talvez no meio de um gole de cerveja morna – você entende. Sente um alívio estranho, meio cínico, meio cruel. E ouve um sussurro: "Viu? Olha do que eu te salvei."

Aquela pessoa que você queria tanto? Um desastre ambulante. A chance que você perdeu? Uma merda disfarçada de ouro. Cada dor, cada nó na garganta, cada silêncio? Tudo parte do plano.

Deus não te odeia. Ele só tem um senso de humor meio sádico.

Então, acende um cigarro. Solta um riso de canto de boca. Porque um dia, você vai olhar pra trás e rir. Não porque foi fácil, mas porque, no fim, você escapou da pior coisa que poderia ter acontecido: ter conseguido o que tanto queria.