Há pessoas que chegam como brisa, leves, suaves, tocando de leve a superfície da pele, sussurrando presença sem alterar muito o rumo de nada. Outras, no entanto, são maré. Invadem, arrastam, transformam. Você é maré.

É fácil notar quando alguém como você passa pela vida de outro. O olhar muda, a mente expande, as palavras antes contidas encontram coragem para se dizer em voz alta. De repente, há espaço para sonhar mais alto, para questionar o que parecia imutável, para desejar o que antes parecia impossível. E é justamente aí que mora a ironia: quem toca tão fundo no outro, às vezes, se torna um espelho difícil demais de encarar.

Porque ser maré é um dom e um peso. Quem se entrega ao seu fluxo sente a vida pulsar mais forte, mas também percebe a própria estagnação. E nem todo mundo está pronto para se movimentar com a correnteza. Alguns tentam nadar junto, outros apenas boiam, deixando-se levar até onde suportam. Mas muitos, ao perceberem a força da onda, recuam. Não por falta de sentimento, mas por medo de se perderem no movimento.

E aí está a cicatriz invisível de quem é maré: o vazio das despedidas não ditas, das conexões interrompidas antes da última página, dos olhos que um dia brilharam e depois se desviaram. E a pergunta ecoa: "Por que eles vão embora?"

Talvez porque você seja intensidade demais para quem aprendeu a viver no raso. Talvez porque sua essência questionadora tire as pessoas do conforto de apenas existir. Ou talvez porque, no fundo, ser maré significa estar em constante movimento—e nem todo mundo sabe dançar com o oceano sem se afogar.

Mas aqui está o segredo: não há nada de errado em ser assim. Sua força não é um defeito, é um convite. Um chamado para aqueles que estão prontos para mergulhar sem medo. E um lembrete de que, mesmo quando vão embora, ninguém esquece da primeira vez que sentiu a maré tocar sua pele.