O Balde Furado

Passei anos acreditando que o esforço sempre gera resultados, que dedicação é reconhecida e que trabalho duro constrói pontes. Mas a realidade, às vezes, se revela de forma diferente.

No HGP cheguei cheio de energia. Conhecia os desafios, sabia que o caminho seria difícil, mas também entendia que com planejamento, processos bem estruturados e uma equipe comprometida, poderíamos transformar aquele ambiente.

O problema? O balde estava furado.

Eu trazia soluções, desenhava estratégias, implementava melhorias. Mas sem apoio da direção administrativa, sem respaldo da direção geral, tudo o que eu tentava construir desmoronava. Era como despejar água em um recipiente que não tinha estrutura para segurá-la.

As demandas eram urgentes, os problemas escancarados, as soluções claras. Ainda assim, tudo esbarrava no desinteresse, na burocracia e, pior, na falta de vontade de mudar. O balde vazava de todos os lados, e não importava quanta água eu colocasse, ela sempre escorria, desperdiçada.

No começo, eu insistia. Afinal, sempre há um jeito, certo? Talvez se eu explicasse melhor, se mostrasse números, se provasse o impacto positivo das mudanças… Mas nada disso fazia diferença para quem não queria enxergar.

Até que um dia, percebi: eu estava tentando consertar um balde que ninguém queria salvar.

E então, tomei a única decisão sensata. Peguei minha água – minha energia, minha experiência, minha capacidade de transformar – e fui para onde ela pudesse ser realmente aproveitada.

Na mineração, encontrei um reservatório forte, sem furos, pronto para armazenar e usar tudo o que eu tinha a oferecer. E ali, finalmente, meu trabalho fez sentido.

A lição? Não basta ter talento. Se o ambiente não te permite crescer, não é você que precisa mudar. É o lugar que precisa ser deixado para trás.