![]() A Luta Contra o Inevitável
Não sei se é a proximidade do lugar e de onde estou ou se é só a minha mente pregando peças, mas esses dias tenho sonhado com ele. Não é a primeira vez. Nem será a última. Ele aparece assim, do nada, como quem nunca foi embora, como quem sempre esteve ali, esperando só um descuido meu para se fazer presente.
A gente tem essa coisa. Não sei bem como chamar. Uma atração que insiste, que resiste ao tempo, à distância, às nossas tentativas falhas de ignorar. Porque, no fundo, a gente não quer ignorar. Quer alimentar. Brincar no limite do que pode ou não acontecer. E sempre acontece.
Sempre que o destino nos coloca no mesmo espaço, é como se nada tivesse mudado. O desejo se refaz, o corpo responde, a pele reconhece. A gente se encontra e se perde ao mesmo tempo. Como se o mundo lá fora fosse um detalhe e só restasse a gente ali, naquele instante que nunca deveria terminar.
Mas eu luto. Luto contra essa vontade que me empurra para ele. Luto porque sei que quem vai se foder depois sou eu. Porque sempre sou eu. Porque entre a tentação e a entrega, sou eu quem tenta colocar uma barreira, enquanto ele apenas sorri, sabendo que, no final, eu vou ceder.
E ele sabe. Ele sempre sabe.
Eu posso mudar de cidade, mudar de trabalho, mudar de ideia. Mas não mudo esse desejo. E talvez, no fundo, eu nem queira. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 12/02/2025
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