![]() Dizem que, se tivermos sorte, nosso coração baterá cerca de dois bilhões de vezes ao longo da vida.Parece um número exorbitante, quase eterno, até que nos damos conta de que já gastamos metade — ou mais — sem sequer perceber.
No início, quando somos jovens, o tempo parece um rio infinito, correndo correndo sob nossos pés. Os dias se estendem por muito tempo como os verões da infância, onde a única preocupação é quantas horas ainda restam de brincadeira antes que alguém nos chame para dentro. Os anos passam, mas não os sentimos. Os primeiros quinhentos milhões de batidas se dissolvem em pequenas alegrias, aprendizados desajeitados e uma pressa tola de crescer.
E então crescemos.
De repente, olhamos para trás e percebemos que uma fração absurda desse saldo já foi consumida. Não sabemos ao certo onde. Nas madrugadas insones, nas conversas esquecidas, nos dias em que estivemos tão ocupados esperando pelo fim da semana que sequer vivemos a segunda-feira. Como a areia escorrendo entre os dedos, deixa-nos passar agradáveis que não voltamos mais.
Mas o que fazer com o que resta?
Se o primeiro bilhão foi um ensaio, um rascunho apressado de quem tenta entender as regras do jogo, talvez o segundo deva ser diferente. Menos ansiedade, mais presença. Menos urgência pelo que ainda não veio, mais gratidão pelo que já está aqui. Que cada batida do coração seja sentida, e não apenas contabilizada.
Talvez, ao final das contas, a felicidade não fique feliz em buscar um número maior, mas em viver de tal forma que cada batida vale por mil.
Afinal, ser um bilhão de preocupações mais prudentes é o que realmente nos torna vivos. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 05/02/2025
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