![]() O Silêncio Entre Nós
Era um amor bonito. Daqueles que começaram com longas conversas pela madrugada, olhares que falavam sem precisar de palavras, risadas que enlaçavam um no outro. No começo, tudo fluía com naturalidade. Mas, com o tempo, algo foi se perdendo.
A vida seguiu. Cada um com seus compromissos, suas pressões, seus desafios. E no meio de tudo isso, a comunicação virou um detalhe, uma formalidade, algo que acontecia por obrigação e não por desejo genuíno. O que antes era conversa, virou monólogo. Um falava, o outro ouvia – ou fingia ouvir.
Ela tentava se expressar. Dizia que sentia falta, que queria mais tempo, que precisava dele. Mas a resposta sempre era a mesma: "Estou cansado", "Agora não", "Você está exagerando". Aos poucos, a voz dela foi se calando. Não porque não tivesse mais o que dizer, mas porque percebeu que suas palavras já não encontravam espaço para serem escutadas.
Ele, por sua vez, não percebia a gravidade do silêncio. Achava que o amor estava ali, intacto, que bastava a presença física para garantir que tudo continuava bem. Mas amor não sobrevive apenas de convivência, precisa de trocas, de interesse, de diálogo.
Um dia, ela parou de tentar. Não foi uma decisão súbita, nem uma escolha consciente. Foi apenas um acúmulo de pequenas desistências. Parou de perguntar como ele estava, parou de insistir para que conversassem, parou de esperar por respostas que nunca vinham. E então, ele sentiu sua falta. Mas já era tarde.
Porque a comunicação em um relacionamento não é só sobre falar, mas sobre ser ouvido. Não é só sobre estar presente, mas sobre estar disponível. Quando se ignora alguém repetidamente, quando se deixa o silêncio tomar conta, a pessoa não aprende a viver sem você – ela aprende que já estava vivendo sozinha há muito tempo.
E quando isso acontece, não há mais necessidade de ir embora. Porque a distância já foi criada bem antes do adeus. Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 03/02/2025
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